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Opositor cubano desafia governo com marcha solitária

Com uma rosa branca nas mãos, o opositor cubano Yunior García pretende sair hoje para marchar de forma solitária por Havana, em um desafio à ameaça oficial de ser detido, um dia antes de uma manifestação opositora proibida pelas autoridades.

Agentes da Segurança do Estado “me disseram que não vão permitir que eu marche, inclusive já me informaram para qual prisão vão me levar”, explicou na sexta-feira (12) à AFP o dramaturgo de 39 anos.

“Não há nada que me proíba de fazer a marcha no domingo, absolutamente nada, por isso não vou me esconder”, afirmou o artista e ativista na entrada de seu pequeno apartamento em um populoso bairro de Havana.

Yunior também manifestou preocupação com a possibilidade de episódios de violência na manifestação convocada para segunda-feira na capital cubana e em outras seis províncias. Assim, decidiu marchar sozinho neste domingo por uma das principais ruas de Havana.

O grupo de reflexão política ‘Archipiélago’, criado por Yunior no Facebook e que conta com mais de 30 mil membros, dentro e fora de Cuba, mantém a convocação para o protesto de segunda-feira.

Em um pronunciamento exibido na televisão na sexta-feira, o presidente Miguel Díaz-Canel disse que seus correligionários estão preparados “para defender a revolução” e “enfrentar qualquer ação de ingerência contra o nosso país”, em referência aos Estados Unidos.

“Estamos tranquilos, seguros, mas atentos e alertas”, assegurou o governante.

‘Fato gravíssimo’

As autoridades cubanas retiraram no sábado as credenciais dos seis integrantes da equipe da agência de notícias espanhola EFE, invocando “a normatividade sobre a imprensa estrangeira”.

“Nos telefonaram urgentemente e pediram que entregássemos as credenciais”, disse no sábado Atahualpa Amerise, chefe de redação da EFE em Cuba, que conta com três redatores, dois fotógrafos e um videomaker.

No entanto, na manhã deste domingo, Amerise escreveu no Twitter que as credenciais foram devolvidas para uma redatora e ao cinegrafista após “negociações” com as autoridades.

Em Madri, a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou o ocorrido e pediu ao governo espanhol que intercedesse para a devolução das credenciais.

“O governo de Miguel Díaz-Canel não quer evidências dos movimentos em favor da mudança que estão surgindo em Cuba”, disse em um comunicado Edith Rodríguez, vice-presidente da RSF na Espanha, que considerou a retirada das credenciais “um fato gravíssimo que deve ser reparado o mais rápido possível”.

O ‘Archipiélago’ denunciou na noite de sábado que pelo menos seis coordenadores do grupo foram detidos pelas autoridades, e que o dissidente Guillermo Fariñas permanece sob custódia desde a sexta-feira na província de Santa Clara, no centro da ilha.

Jogo do Poder

Fonte: AFP

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