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Operações israelenses e colapso agrícola agravam crise alimentar em Gaza

A fome e a desnutrição continuam a agravar entre os habitantes de Gaza e trabalhadores humanitários da ONU alertam que a agricultura e até mesmo a jardinagem em pequena escala continuam suspensas.

Em uma avaliação dos níveis de fome em Gaza nesta quarta-feira, o Escritório de Assistência Humanitária da ONU, Ocha, alertou mais uma vez que pouca ajuda está chegando às pessoas que mais precisam.

Fome em Gaza

Segundo o escritório, a insegurança, as estradas danificadas, o colapso da lei e da ordem e as limitações de acesso continuam a dificultar o movimento ao longo da principal rota de carga humanitária entre o cruzamento de Kerem Shalom e Khan Younis e Deir al Balah.

O Ocha observou que as entregas insuficientes contínuas de combustível e suprimentos de ajuda do centro e sul de Gaza para o norte deixaram seis padarias no norte de Gaza recebendo “apenas escassas” quantidades que foram suficientes para mantê-las funcionando por alguns dias de cada vez.

Combustível e cozinhas comunitárias

A “escassez crítica” de produtos básicos afetou as cozinhas comunitárias e aumentou o risco de alimentos estragarem com as altas temperaturas do verão. A capacidade de produção de refeições quentes tem sido insuficiente para apoiar dezenas de milhares de pessoas recém-deslocadas em diversas partes do enclave.

Segundo o Ocha, a falta de entrada de suprimentos comerciais no norte de Gaza por quase três meses resultou em uma falta quase total de fontes de proteína, como carne e aves, no mercado local.

Produção de alimentos

Atualmente, no norte de Gaza, apenas alguns tipos de vegetais produzidos localmente estão disponíveis a preços “inacessíveis”. O Ocha alerta que a falta de “sementes, fertilizantes e outros insumos para a produção animal e agrícola” continua sendo um obstáculo para a restauração da produção local de alimentos.

O Ocha também apontou para as operações militares israelenses que arrasaram Rafah desde o início de maio e provocaram um êxodo esta semana do leste de Khan Younis, onde havia grande atividade agrícola antes da guerra.

Essa avaliação está de acordo com alertas anteriores da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, que destacou que a agricultura na Faixa de Gaza representa mais de 40% da área de superfície do enclave e contribui com até 30% do consumo diário.

Níveis de fome

Segundo a FAO, os danos causados ao setor agrícola devido ao conflito são extensos, levando a produção local crucial de alimentos frescos e nutritivos a uma interrupção quase total. A situação diminui o acesso da população a itens alimentares essenciais necessários para uma dieta saudável.

De acordo com o mais recente relatório sobre os níveis de fome, 96% da população de Gaza, ou cerca de 2,15 milhões de pessoas, enfrentam insegurança alimentar aguda em nível de “crise” ou superior.

Negociações

Nesta quinta-feira, agências de notícias informaram que o presidente americano Joe Biden discutirá com o premiê israelense Benjamin Netanyahu o progresso do cessar-fogo em Gaza e a libertação de todos os reféns ainda mantidos no enclave.

Ainda segundo os relatos da mídia, as negociações de trégua e troca de reféns, programadas para quinta-feira em Doha, no Catar, foram adiadas para o início da próxima semana.

Estima-se que 116 reféns ainda estão desaparecidos e 44 podem ter morrido, já são quase 10 meses desde os ataques terroristas liderados pelo Hamas em vários locais no sul de Israel. Os atos deixaram cerca de 1,2 mil mortos e 250 capturados.

Fonte: ONU News – Imagem: UNRWA

 

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