ONU apoia fórum africano sobre industrialização e transição energética
A Comissão Econômica da ONU para a África, ECA defende que o continente deve explorar plenamente os seus recursos naturais para acelerar a industrialização sustentável e transição energética limpa.
Com a iniciativa global de comercio africano, Gabi, a comissão quer garantir que sejam usados o potencial em recursos para promover a industrialização, criando empregos e permitindo que os países subam na cadeia de valor.
Criação de valor justo
Nova Iorque acolheu um evento sobre o tema em paralelo à 78ª sessão de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas. O secretário-executivo interino da ECA, António Pedro, ressalvou que África deve beneficiar dos seus recursos minerais críticos através da criação de valor justo.
O representante defende políticas e incentivos facilitadores sejam mais usados para impulsionar o investimento na agregação de valor de minérios críticos.
África imparável, em tradução livre, é uma plataforma liderada pelo sector privado, organizada pela ONU e a União Africana. O objetivo é atrair investimento dos sectores-chave para colmatar a lacuna entre os investidores globais e os sectores emergentes e vibrantes.
Outro propósito é elevar a proeminência regional na economia global e posicionar o continente como principal destino para negócios, comércio e investimento. A iniciativa analisou a capacidade de inovação e liderança da África no cenário florescente de carros elétricos e energia sustentável.
Minérios
Minerais como cobre, magnésio, níquel e cobalto, são encontrados em África. Mas a transição energética continua a revelar-se um sério desafio.
No evento, a iniciativa Afreximbank revelou que quer promover uma cadeia de valor inclusiva de baterias e veículos elétricos.O fundamento é que os africanos assumam a liderança no desenvolvimento dos seus recursos minerais.
A instituição atua na promoção de industrialização e facilitação do desenvolvimento de Zonas Econômicas Especiais na Zâmbia que produz 10% do cobre mundial e RD Congo que responde por 70% da produção global do cobalto.
António Pedro indica que o valor acrescentado de minérios e a demanda de veículos elétricos representam um mercado de US$ 7 bilhões até 2030 que podem ascender para 46 bilhões até 2050.
Competitividade
Com um estímulo dado à cadeia de valor das baterias elétricas na RD Congo, as receitas de mineração poderiam aumentar de US$ 11 bilhões para 270 bilhões.
Um estudo da BloombergNEF identifica a RD Congo que possui abundantes recursos de cobalto e energia hidroelétrica como um local atraente para o fabrico de precursores de baterias sustentáveis.
Outra pesquisa concluiu que os materiais produzidos na RD Congo seriam mais baratos, ambientalmente sustentáveis e competitivos do que os produzidos na China.
O fórum de Gabi destacou ainda oportunidades que a África tem para estar na vanguarda do fornecimento de minerais críticos para a transição energética, o desenvolvimento do continente e a beneficiação local e comunitária através do valor acrescentado.
Padrões de sustentabilidade, governação e transparência
Foi ainda revelado o interesse dos investidores em estabelecer parcerias com os governos africanos para permitir a competitividade do que é produzido, garantindo elevados padrões de sustentabilidade, governação e transparência.
Participaram no fórum sobre o futuro da África chefes de Estado, ministros, investidores e altos funcionários da ONU, acompanhados por estrelas da música, do desporto e do cinema.
Fonte: ONU News – © UN Women/Gaganjit Singh