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“O futuro distópico está aqui”, diz Turk na abertura da 54ª sessão do Conselho de Direitos Humanos

Começou nesta segunda-feira a 54ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, Suíça. 

Na abertura do evento, o alto comissário de Direitos Humanos, Volker Turk, disse que “injustiça, pobreza, exploração e repressão são as causas de queixas que geram tensões, conflitos, deslocamentos e mais miséria.”

Negação da humanidade

Turk afirmou que o mundo “não precisa de mais alertas. O futuro distópico já está aqui.”

Segundo ele, ao invés de união e cooperação, prevalecem as políticas de divisão e distração, que se manifestam “através da fabricação de disputas artificiais sobre gênero, migração ou um suposto ‘choque’ de civilizações.”

O chefe de Direitos Humanos da ONU apontou com preocupação o aumento da indiferença, com a “negação da humanidade de vítimas e pessoas vulneráveis a danos.”

Ele apontou que “a riqueza global nunca foi tão grande.” Mas em 2021, os 10% mais ricos detinham 76% da riqueza total, enquanto a metade mais pobre possuía apenas 2%. Além disso, quase metade da população mundial vive em países onde os governos têm de gastar mais no pagamento da dívida do que na educação ou na saúde.

Tributação e ecocídio

Nesse sentido, ele elogiou iniciativas para combater a evasão fiscal e os fluxos financeiros ilícitos. Como exemplos, citou a proposta apresentada pelo grupo africano para discussão na Assembleia Geral da ONU e a medida liderada por Colômbia, Chile e Brasil para promover tributação progressiva e maior cooperação na América Latina e Caribe.

Turk também apoiou a inclusão de crime internacional de ecocídio no Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, como forma de expandir a responsabilização por danos ambientais.

O alto comissário também mencionou o aumento dos custos de moradia na Europa e nos Estados Unidos que levaram milhões de pessoas a morar nas ruas e a escassez de água sem precedentes que pode afetar 83% das populações do Oriente Médio e do norte da África até 2030. 

12 novos mandatários

Durante a sessão, que se estende até o dia 13 de outubro, o Conselho terá 29 diálogos interativos com mandatários de procedimentos especiais, investigações e mecanismos especializados. 

Além de seu informe anual, Turk irá debater com o Conselho a situação em países como Nicarágua, Sudão, Belarus, Mianmar, Ucrânia, Haiti e República Democrática do Congo. Ele também participa de discussões sobre justiça racial na aplicação da lei.

No final da sessão, o Conselho irá designar 12 novos mandatários de procedimentos especiais em temas como violência e discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero, discriminação contra os afetados pela hanseníase e direitos das pessoas com deficiência.

Temas em destaque

Outros destaques da agenda serão debates sobre a integração da perspectiva de gênero no trabalho do Conselho, juventude e direitos humanos, bullying virtual contra crianças e direitos de povos indígenas.

O Conselho de Direitos Humanos é um órgão intergovernamental dentro do sistema das Nações Unidas composto por 47 Estados responsáveis ​​pela promoção e proteção de todos os direitos humanos em todo o mundo.

A entidade foi criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2006 com o objetivo de abordar situações de violações dos direitos humanos e fazer recomendações sobre elas.

Fonte: ONU News – Imagem: UNIS Vienna

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