O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), sinalizou que a decisão de permanecer no cargo e desistir da candidatura a Presidência da República pode ainda não estar sacramentada —e sequer ser concretizada.
Doria comunicou na quarta (30) ao vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que tinha desistido da campanha nacional e que permaneceria no cargo de governador.
A informação, antecipada pela Folha, explodiu como uma bomba nos meios políticos.
Na manhã desta quinta (31), no entanto, Doria já estaria voltando atrás. Diante das resistências, ele sairia do cargo para concorrer a presidente. E deixaria o caminho livre para Rodrigo Garcia assumir o governo —e, no cargo, disputar a sucessão estadual.
Questionado pela coluna, Doria enviou um áudio afirmando: “Estou correndo muito aqui. Mas nem fui, nem voltei. Só para você saber. Só especulação”.
Prefeitos do interior ligados a Garcia dizem que ele não vai ficar no cargo.
Doria avisou Rodrigo Garcia que pretende ficar no cargo que deixaria nesta quinta (31) para disputar a Presidência, em reunião que ocorreu por volta das 17h de quarta (30) no Palácio dos Bandeirantes. A partir daí, uma romaria de aliados de Doria se formou à sede do governo paulista para tentar entender o movimento.
Doria cancelou dois eventos que teria nesta manhã. Ele avisou a seus aliados que irá anunciar a desfiliação do PSDB e acusar caciques do partido, Aécio Neves (MG) à frente, de o terem traído e forçado sua decisão. União Brasil e MDB podem ser os partidos de destino de Doria.
Pessoas próximas a Rodrigo, que deixou o DEM no começo do ano passado após o partido rachar na disputa para a presidência da Câmara, chamaram Doria de traidor e coisa pior. Em resposta, ouviram que ele manteria a promessa de não disputar a eleição e apoiaria o vice para a disputa do governo estadual, conforme combinado desde 2018.
Ocorre que, nos planos do vice, tal disputa se daria com ele na cadeira de governador. Ele disse a amigos que não aceita concorrer com Doria no cargo.
Lideranças de oposição a Doria, de seu partido e de outras legendas já consideram que o tucano será candidato ao governo de São Paulo caso permaneça no cargo, como ameaça fazer.
Integrantes da equipe do próprio tucano, perplexos com a atitude que ele ameaça tomar, têm a mais absoluta certeza de que o governador passará os próximos três meses negando a candidatura, para na reta final se lançar na disputa. As legendas têm até 5 de agosto para escolher seus candidatos em convenções partidárias.
Segundo eles, Doria usará o argumento de que tem melhor pontuação que Rodrigo Garcia nas pesquisas eleitorais. E usará o pretexto de que a militância prefere que ele seja o candidato.
Fonte: Folha de São Paulo