Missão na RD Congo vive situação “insustentável”, diz representante da ONU
Monusco também é alvo de restrições impostas pelo grupo armado M23

A representante especial da ONU na República Democrática do Congo, RD Congo, relatou os desafios para o cumprimento do mandato da Missão de Paz da ONU no país, Monusco, também chefiada por ela.
Falando a jornalistas, Bintou Keita disse que a Monusco tem um compromisso “inabalável” sob o direito internacional de proteger indivíduos desarmados que buscam refúgio em suas bases.
Campanhas “deliberadas” de ódio e desinformação
Keita ressaltou que campanhas de desinformação e ódio “deliberadas” estão
prejudicando as ações da Missão e colocando a vida dos boinas-azuis em risco.
Após a queda da cidade de Goma, que foi tomada pelo grupo armado M23, mais de 14 mil pessoas sob alto risco buscaram a proteção da ONU.
Além disso, a Missão continua respondendo a chamados de defensores dos direitos humanos que foram ameaçados ou sofrem risco de serem atacados.
Bintou Keita ressaltou que a situação é “insustentável”, pois a Missão não tem condições nem suprimentos para proteger tantas pessoas por tanto tempo. Ela pediu por uma solução internacional para a transferência digna dos civis a um local seguro, “com amplo respeito a seus direitos e escolhas”.
Restrições “severas” ao cumprimento do mandato
Segundo ela, a ocupação de diversas partes da província de Kivu do Norte pelo M23, com apoio das forças armadas de Ruanda, o país vizinho, estão “restringindo severamente” a implementação do mandato da Monusco.
Medidas impostas pelo grupo armado, como restrição da liberdade de movimento, bloqueios nas estradas e exigência de avisos prévios de 48h estão atrapalhando a Missão na proteção dos civis.
Bintou Keita disse que a chegada do recém-nomeado comandante da Monusco, o general brasileiro Ulisses de Mesquita Gomes, ao país é uma demonstração da “determinação contínua em fornecer liderança e supervisão operacional nestas regiões voláteis”.
A representante especial também citou exemplos positivos de locais onde as forças de paz estão reforçando a segurança dos civis, com o estabelecimento de duas bases operacionais temporárias para prevenir a escalada da violência intercomunitária.
Quando perguntada sobre o avanço do M23, ela respondeu que as declarações do grupo e das alianças desses rebeldes apontam para a intenção deles de tomar Kinshasa, a capital da RD Congo.
Ela reforçou o pedido para que Ruanda pare de apoiar o M23 e respeite a integridade territorial da nação vizinha.
Fonte: ONU News – Imagem: Monusco/Kevin Jordan/O Batalhão de Desdobramento Rápido Indiano da Monusco patrulha sua base em Sake, na província de Kivu do Norte