Em dois encontros em maio com integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal), senadores relataram que o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, está “envenenado” pelo discurso de Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas e que partilha das acusações de que o ministro Alexandre de Moraes perseguiria o presidente.
Eles compartilharam relatos de encontros com Nogueira nos últimos meses e afirmaram que o ministro defende os mesmos argumentos, mas sem a mesma ênfase de Bolsonaro. Quando contestado, não insistiu nos temas, disseram os senadores.
Em uma das reuniões, Moraes ouviu os relatos e reagiu em tom de brincadeira, dizendo que ainda não fez nada. Em outro encontro, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sugeriu que os ministros do STF buscassem representantes dos militares para um diálogo sobre a democracia no Brasil.
Os encontros ocorreram nas casas da senadora Kátia Abreu (PP-TO) e da ministra Cármen Lúcia, e tiveram como objetivo integrar senadores que estão articulando um grupo em defesa da democracia e, mais especificamente devido ao momento atual, do STF.
Nesta sexta-feira (10), Nogueira apresentou uma tréplica ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na discussão sobre as eleições e disse que as Forças Armadas “não se sentem devidamente prestigiadas”.
O documento rebate análise do tribunal que apontou erros de cálculos e confusões de conceitos ao rejeitar, em maio, sete propostas dos militares de mudanças nos procedimentos das eleições.
A Defesa reforçou as suas propostas ao TSE no momento em que Bolsonaro amplia os questionamentos ao processo eleitoral e faz insinuações golpistas.
Nogueira afirma que as propostas dos militares não foram discutidas tecnicamente. “Até o momento, reitero, as Forças Armadas não se sentem devidamente prestigiadas por atenderem ao honroso convite do TSE para integrar a CTE [Comissão de Transparência das Eleições]”, afirma o ministro.
“Até o momento, não houve a discussão técnica mencionada, não por parte das Forças Armadas, mas pelo TSE ter sinalizado que não pretende aprofundar a discussão”, disse ainda.
Fonte: Folha de São Paulo/Painel