Migrante angolano relata ideais e sonhos conquistados no Brasil
Em país de acolhida, Geraldino Canhanga abraça literatura, palestras, música e ações em favor de jovens e adolescentes de várias nacionalidades
O angolano Geraldino Canhanga, também conhecido pelo nome artístico Kanhanga, vive no Brasil, em Esteio, município da região metropolitana de Porto Alegre. Sua mais recente realização no país foi publicar o livro “Seja Incrível”.
No dia que recebeu a visita da OIM Brasil para esta reportagem, Geraldino Canhanga celebrava a chegada de 200 exemplares do livro.
Motivos para seguir lutando
Em terras brasileiras, ele se tornou rapper e atua em feiras culturais e apresentações em apoio a migrantes que se pretendem integrar no novo lar.
Ele lembra que, aos 12 anos, contou para a mãe o sonho de seguir uma faculdade e gravar um disco de rap acreditando que aspirações “apontam as pessoas para direções e, assim, elas têm motivos para seguir lutando”.
Em 2005, o jovem natural da cidade angolana de Lobito, província de Benguela, ganhou uma bolsa para estudar administração e relações internacionais no Brasil pelo Centro Universitário Metodista, o IPA.
A universidade apoiou com o pagamento dos custos dos estudos, a recepção no aeroporto e a assistência para adaptação ao inverno de Porto Alegre.
Músicas, discos, feiras culturais e apresentações
Após se formar, ele optou por continuar no Brasil e encontrou no rap uma forma de se expressar com músicas, discos e apresentações em feiras culturais e outros eventos.
Ao realizar seus sonhos, ele diz que percebeu que era muito privilegiado e passou a se mobilizar para acolher migrantes em dificuldade.
Em 2008, Geraldino Canhanga fundou, junto com um amigo, a Associação dos Angolanos e Amigos do RS, orientada a prestar auxílio social e assistência a migrantes de várias nacionalidades.
Canhanga abraça o trabalho que faz junto à população migrante como “um propósito de vida, uma missão”. Em Esteio, ele lida com questões de segurança alimentar, regularização de documentos, empregabilidade e aulas de português.
Cerca de 250 migrantes já conseguiram se inserir no mercado laboral como parte do apoio e de parcerias da associação com empresas privadas.
Geraldino Canhanga mira fundar a Casa do Migrante e Refugiado do Rio Grande do Sul. Com esse propósito, ele participou em Brasília na edição deste ano da Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia, a Comigrar.
Kanhanga busca conquistas e quer impactar a vida de jovens e adolescentes através da “música ou ações transformativas”. Sua visão é que as pessoas olhem para a comunidade migrante e pensem na evolução do tema na próxima década.
*Reportagem da OIM Brasil
Fonte: ONU News – Imagem: OIM/Joana Berwanger