Manobra parlamentar impede impeachment de Yoon Suk Yeol na Coreia do Sul
O episódio reforçou a polarização política no país
Uma estratégia articulada por parlamentares do Partido do Poder Popular (PPP), aliado do presidente Yoon Suk Yeol, impediu neste sábado (7) a votação do pedido de impeachment do mandatário na Coreia do Sul. Os deputados do PPP saíram do plenário, frustrando a tentativa da oposição de alcançar os 200 votos necessários para obrigações com a deposição.
O pedido, apresentado pelo Partido Democrata, surgiu após o presidente declarar e rapidamente revogar uma polêmica lei marcial na última terça-feira (3). A decisão gerou indignação tanto no parlamento nas ruas, onde cerca de 150 mil pessoas protestaram exigindo o impeachment.
No entanto, apenas 195 parlamentares compareceram à sessão, insuficientes para validar a votação. “Declaro que a votação sobre o tema não é válida”, anunciou o presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, encerrando a sessão sem uma decisão formal.
Crise Política Aprofundada
O episódio reforçou a polarização política no país. A oposição, que controla 192 cadeiras no Parlamento, precisa de pelo menos oito votos do PPP para aprovar o pedido. Apesar das críticas de membros do partido governista ao presidente, todos os parlamentares da sigla abandonaram a sessão, demonstrando lealdade ao líder.
“Mesmo que não tenhamos conseguido o resultado que queríamos hoje, continuaremos lutando”, afirmou Jo Ah-gyeong, manifestante que participa dos protestos em Seul.
Próximos Passos e Investigação
O líder oposicionista Lee Jae-myung prometeu insistir no impeachment, com nova tentativa prevista para quarta-feira (11). Paralelamente, Yoon Suk Yeol enfrentou uma investigação policial por suposta insurreição, após relatos de que forças militares receberam ordens de dissuadir parlamentares durante a imposição da lei marcial.
Caso o impeachment seja antecipado, Yoon será afastado e julgado pelo Tribunal Constitucional, num processo que pode durar até seis meses.
Impactos e Cenário Futuro
Especialistas preveem uma escalada nos protestos e uma paralisação política prolongada. “Teremos um presidente politicamente morto, incapaz de governar, e manifestações constantes exigindo sua saída”, avaliou Vladimir Tikhonov, professor de Estudos Coreanos na Universidade de Oslo.
Yoon, em um pronunciamento raro, pediu desculpas à nação: “Causei ansiedade e inconveniência ao público. Peço desculpas sinceramente”. Apesar disso, a crise parece longe de uma resolução.
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