
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar duramente o ex-presidente Jair Bolsonaro e o Projeto de Lei (PL) da Anistia, que busca perdoar os envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro. Em entrevista à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, Lula afirmou que o pedido de anistia feito por Bolsonaro é uma comprovação de sua culpa.
“Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, ele está provando que é culpado, que cometeu um crime. Ele deveria estar falando: ‘Eu vou provar a minha inocência’. Mas ele está pedindo anistia”, declarou o petista.
A declaração ocorre em um momento em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e 33 aliados, incluindo militares de alta patente, por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Segundo a PGR, Bolsonaro e sua equipe conspiraram para desacreditar as urnas eletrônicas, interferir nas eleições e, após a derrota, impedir a posse de Lula. A denúncia ainda menciona um suposto plano de assassinato contra Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Caso sejam condenados, Lula afirmou que os envolvidos merecem “uma boa cela e um tratamento com respeito aos direitos humanos”.
PEC da Segurança Pública
Outro tema abordado na entrevista foi a segurança pública, com ênfase na situação do Rio de Janeiro. Lula ressaltou que o problema afeta todo o país e defendeu uma maior participação do governo federal. O Executivo preparou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema, que está em discussão com os governadores.
O presidente negou a possibilidade de novas Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLOs), argumentando que a medida adotada em 2017 pelo então presidente Michel Temer “gastou mais de R$ 2 bilhões e não resolveu quase nada”.
Inflação e custo de vida
Lula também abordou a questão da carestia e afirmou que “não se consegue controlar os preços dos alimentos do dia para a noite”. Ele culpou o alto volume de exportações pelo aumento dos preços e defendeu reuniões com atacadistas para discutir soluções. “O Brasil virou o supermercado do mundo e precisamos garantir que não falte comida para o povo brasileiro”, destacou.
O presidente reafirmou que a cesta básica será isenta de impostos com a implementação da reforma tributária.
Renegociação da dívida dos estados
Outro ponto polêmico foi a renegociação da dívida dos estados com a União. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, rejeitou a proposta do governo, mas Lula acredita que ele e outros opositores vão acabar aceitando. “A dívida do Rio de Janeiro está em R$ 218 bilhões, e essa renegociação pode trazer benefícios”, argumentou.
Novas medidas de crédito
Durante a entrevista, Lula mencionou que o governo está preparando três novas medidas de acesso ao crédito para beneficiar pequenos e médios empreendedores. Além disso, uma nova modalidade de crédito consignado para trabalhadores do setor privado deve ser lançada em março.
O presidente também reclamou de ministros que “falam demais”, citando vazamentos sobre a reforma ministerial. Ele defendeu a influência da primeira-dama Rosângela da Silva, Janja, em suas decisões e rebateu críticas sobre sua participação nos rumos do governo.
Lula critica taxação de Trump
Por fim, Lula criticou a política tarifária do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs barreiras comerciais ao Brasil e outros países. Ele reforçou o compromisso de reduzir o custo dos alimentos para os brasileiros.
IA – Imagem: Ricardo Stuckert