Libaneses que chegam ao Brasil enfrentam desafios financeiros e de saúde mental
27% dos repatriados têm dificuldades financeiras
A Organização Internacional para Migrações, OIM, está apoiando a operação do governo brasileiro para repatriar cidadãos do país e seus familiares que estão no Líbano.
A chefe de programas da agência, Socorro Tabosa, conversou com a ONU News e descreveu o perfil daqueles que estão chegando em território brasileiro, abalados pelo conflito no país árabe entre as Forças de Defesa de Israel e o movimento Hezbollah.
Pessoas chegam traumatizadas e recebem cuidados de saúde
“Dessas pessoas que chegaram, 54% são mulheres e 40,4% são homens. A grande maioria são meninos, muitas crianças e muitas pessoas idosas. Então a situação de vulnerabilidade é muito alta dessas famílias. Essas pessoas que chegam ao Brasil, muitas estão com situações de saúde mental muito agravadas e para isso tem-se o apoio de saúde no local de desembarque, mas aí feita pelo Ministério da Saúde, mas articulado sempre com a OIM. Para os casos mais vulneráveis em relação à saúde mental, nós encaminhamos para atendimento de saúde na própria base aérea”.
Ela explicou que a OIM atua em três frentes, sendo a primeira a de apoio à proteção, que envolve entrevistas com as famílias para identificar quais são as principais vulnerabilidades e assim definir o encaminhamento mais adequado.
Dificuldades financeiras
Até o momento, 2072 pessoas foram trazidas do Líbano para o Brasil, além de 24 animais de estimação. Socorro destacou que muitos dos recém-chegados apresentam dificuldades financeiras para se sustentar.
“27% dessas pessoas não têm onde ficar, não têm trabalho, não têm renda, não têm possibilidades no Brasil. Então, por isso que essas informações são importantes para que o governo brasileiro organize um plano de integração econômica para essas pessoas no Brasil. Grande parte delas vai ficar em São Paulo, outras tantas vão para Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, no Brasil, onde tem uma comunidade libanesa muito acentuada, uma das maiores comunidades libanesas fora do Líbano”.
A segunda linha de atuação da OIM é a logística. A agência apoia o transporte da Base Aérea de Guarulhos para hotéis, além de financiar a hospedagem até as pessoas se reorganizarem para partir para seus destinos finais.
Políticas públicas adequadas
Segundo a chefe de programas da OIM, a agência também apoia as famílias enquanto aguardam seus familiares desembarcarem dos voos e a fazer todo o processo de entrada no Brasil.
A terceira linha de atuação da OIM é na gestão de informações, por meio de um banco de dados de todos os passageiros que já chegaram. Esses dados são utilizados para produzir informes voltados para apoiar o governo a organizar políticas públicas adequadas.
O Brasil abriga a maior comunidade de libaneses no mundo. E muitos libaneses que moram no Líbano, em áreas como o Vale do Becá, têm dupla nacionalidade.
Fonte: ONU News – Imagem: Ministério da Saúde/Rafael Nascimento