Força da ONU no Líbano alerta para escalada de tensão ao longo da Linha Azul
Confrontos violentos acontecem em cidades e vilas muito próximas da operação de paz
A Força Interina da ONU no Líbano, Unifil, revelou nesta terça-feira que a tensão aumentou ao longo da Linha Azul. A área registra intensas trocas de tiros e incursões terrestres de forças israelenses.
Em Genebra, o porta-voz Andrea Tenenti falou de confrontos violentos, incluindo em áreas muito próximas da operação de paz. Vilas e cidades sofreram com ataques aéreos israelenses ou mísseis e drones lançados pelo Hezbollah em Israel.
Escalada verificada há nove semanas
Até segunda-feira, o Ministério da Saúde Pública do Líbano confirmou mais de 3,5 mil mortes e quase 15 mil feridos após o início do conflito em 8 de outubro de 2023. A maioria das vítimas resultou da escalada verificada há nove semanas.
A Organização Internacional para as Migrações, OIM, confirmou um total de 900 mil deslocados internos. Cerca de 57% deles, ou mais de meio milhão de pessoas, são das áreas de operações da Unifil no sul do Líbano.
Os bens e o pessoal da força de paz sofreram 162 impactos, sendo que mais de um terço em menos de dois meses. Mais de 20 soldados da paz ficaram levemente feridos.
Novo padrão
A escalada da violência matou mais de 200 crianças no período, segundo o Fundo da ONU para a Infância, Unicef. A agência expressa surpresa com um novo padrão porque essas mortes “são recebidas com inércia pelos que podem parar com a violência.”
O Unicef ressalta haver uma normalização silenciosa do horror com as mortes infantis. O pedido à comunidade internacional é que faça um esforço para quebrar a tendência analisando o impacto dos últimos 10 dias para as crianças no Líbano.
Em 10 de novembro foram mortas sete crianças de uma mesma família, que tem 27 membros. Todos os integrantes buscavam abrigo no Monte Líbano após fugirem da violência no sul.
Ainda no contexto da tensão, a Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, colocou 34 locais libaneses na Lista Internacional de Propriedade Cultural sob Proteção Reforçada.
Violação grave da Convenção de Haia
Após ataques registrados próximos dessas áreas, incluindo nos sítios do Patrimônio Mundial de Balbeque e Tiro, eles passam a contar com o mais alto nível de imunidade contra o tipo de atos e contra seu uso para fins militares.
Pelos parâmetros da agência, o não cumprimento dessas cláusulas será considerado como “violação grave” da Convenção de Haia de 1954 e poderá levar à abertura de um processo legal.
A Unesco prevê que sítios colocados sob proteção reforçada recebam assistência técnica e financeira, melhorem as medidas de antecipação e gerenciamento de riscos e tenham treinamento adicional para seus gerentes.
Fonte: ONU News – Imagem: © Unifil/Haidar Fahs