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Falta de combustível em Gaza agrava crise humanitária e perda de dignidade

A Assembleia Geral das Nações Unidas realizou nesta sexta-feira uma sessão informativa sobre a situação humanitária na crise Israel-Palestina, com participação de chefes de diversas agências da ONU que atuam no terreno. 

O presidente da Assembleia Geral, Dennis Francis, iniciou a sessão reiterando o apelo por um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, lembrando que esse é o pedido da maioria dos Estados-membros das Nações Unidas, conforme resolução aprovada em outubro.

Apoio aos reféns e abertura de novas passagens de fronteira

O subsecretário-geral de Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, lembrou que já foram registradas mais de 11 mil mortes em Gaza, mas que os números não são atualizados há cinco dias devido à queda dos sistemas de comunicação. 

Ele também enfatizou que os 240 reféns mantidos em Gaza incluem bebês e pessoas idosas e precisam ser libertados imediatamente. Enquanto isso não ocorre, Griffiths defendeu que eles recebam tratamento humanizado e possam receber visitas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. 

O chefe humanitário da ONU reforçou o plano de 10 passos para controlar a crise e enfatizou a necessidade por mais pontos de entrada de ajuda em Gaza, especialmente a abertura da passagem de Kerem Shalom, por onde passavam 60% dos insumos antes do conflito.  

Pelo menos 200 mil litros de combustível por dia

Griffiths também afirmou que o combustível é “essencial para manter as pessoas vivas”. Ele afirmou que é bem-vinda a entrada de 24 mil litros do insumo, realizada nos últimos dias, mas que a demanda é 10 vezes maior, ou seja, pelos menos 200 mil litros por dia. 

A vice-comissária geral da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, Nathalie Boucly, chamou a atenção para o fato de que mais da metade das casas em Gaza foram destruídas e que a agência abriga metade da população deslocada.

Ela afirmou que nos abrigos superlotados, “as condições de vida carecem de dignidade, com centenas de pessoas dividindo um único banheiro”.

Nathalie Boucly disse que as operações da Unrwa precisam de pelo menos 120 mil litros de combustível por dia, para atender as necessidades de eletricidade, água e saneamento das 810 mil pessoas que estão nos abrigos da agência. 

Além disso a Unrwa fornece combustível para as poucas padarias e hospitais que ainda funcionam.

Já o diretor geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, disse que a pequena quantidade de combustível que entrou esta semana já acabou.

Ele citou relatos de que foi alcançado um acordo para aumento do fornecimento de combustível a Gaza e disse estar ansioso para ver os detalhes e o cumprimento da iniciativa.

Saúde em colapso

Tedros disse que o sistema de saúde está “à beira do colapso” e alertou para o risco de interrupção do tratamento de milhares de pessoas com câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e condições renais. 

Segundo ele, “cerca de 200 mulheres dão à luz todos os dias nas piores condições imagináveis”.

Para o chefe da OMS, “a melhor maneira de apoiar os profissionais de saúde de Gaza e as pessoas que eles ajudam é dar as ferramentas de que necessitam:  medicamentos, equipamentos, água potável, alimentos, energia e proteção”.

Apenas 10 dos 36 hospitais de Gaza ainda funcionam, com apenas 1,4 mil leitos.

Proposta de zona segura é “receita para o desastre”

Tedros também afirmou que a proposta de uma chamada “zona segura” em Al-Mawasi é uma “receita para o desastre”. Para ele, “tentar amontoar tantas pessoas numa área tão pequena com tanta pouca infraestrutura ou serviços aumentará significativamente os riscos para a saúde para pessoas que já estão no limite”.

O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, afirmou que a proposta é “insustentável” e que os civis “devem ser protegidos em toda Gaza, onde quer que estejam”.

Turk alertou também para a escalada de desinformação e do discurso de ódio que estão “impulsionando a desumanização e bloqueando a busca por uma solução duradoura.”

O administrador do Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud, Achim Steiner, afirmou que se a guerra continuar por um segundo mês, estima-se que a pobreza irá aumentar em 34%, fazendo com que meio milhão de pessoas passem dificuldades econômicas. 

Fonte: ONU News – Imagem: OMS

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