Uma pesquisa divulgada pela Quaest nesta sexta-feira (17) revelou que a polêmica envolvendo as fake news sobre a suposta taxção do Pix teve um impacto negativo para o governo federal. O levantamento, que combinou dados de monitoramento de redes sociais e de entrevistas, destacou o alcance e as consequências da desinformação no debate público.
Os dados da pesquisa
A pesquisa foi realizada com 1.200 pessoas entre os dias 15 e 17 de janeiro, e os dados foram coletados entre 1º e 16 de janeiro, até às 15h. Segundo Felipe Nunes, CEO da Quaest, a situação negativa para o governo decorreu de três fatores principais: “timing errado, diagnóstico errado e tática errada”.
A principal reviravolta ocorreu na última quarta-feira (15), quando o governo federal decidiu revogar a medida de fiscalização do Pix. No entanto, conforme explicou Felipe Nunes, “o governo demorou a compreender o que estava acontecendo e entrou atrasado no assunto… e timing é tudo para quem quer pautar debate digital”.
O estopim nas redes sociais
De acordo com o levantamento, a discussão ganhou força após um vídeo publicado pelo senador Cleitinho (Republicanos-MG) em 6 de janeiro, que serviu como gatilho para a narrativa da oposição. No dia 10 de janeiro, o assunto registrou mais de 5 milhões de menções nas redes sociais.
Confira o volume de menções diárias:
- 01/01: 103.190
- 02/01: 246.330
- 03/01: 350.540
- 04/01: 221.255
- 05/01: 393.975
- 06/01 (vídeo de Cleitinho): 389.640
- 07/01: 1.196.475
- 08/01: 1.355.240
- 09/01: 3.188.605
- 10/01 (vídeos de Lula e Haddad): 5.326.185
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também contribuiu para a ampliação do debate com um vídeo que viralizou, alcançando mais de 300 milhões de visualizações. Na publicação, ele afirmou: “o Pix não vai ser taxado, mas eu não duvido que seja”. Em 14 de janeiro, data da publicação do vídeo, o tema atingiu um patamar histórico nas redes sociais, com mais de 22 milhões de perfis comentando sobre o assunto no dia seguinte.
Impactos na opinião pública
As fake news sobre a suposta cobrança de imposto no Pix geraram desconfiança na população e impulsionaram críticas ao governo. Antes da revogação da medida, o percentual de menções anti-governo era de 54%, contra 46% pró-governo. Após o recuo, esse percentual aumentou para 86% de menções contrárias e apenas 14% favoráveis.
Resultados adicionais:
- Você ficou sabendo das notícias sobre cobrança de imposto no Pix?
- Sim: 88%
- Não: 12%
- Você acredita que o governo possa cobrar imposto sobre o Pix?
- Sim: 67%
- Não: 17%
- Não sabe/não respondeu: 16%
Revogação e críticas
A decisão do governo de revogar a norma sobre fiscalização do Pix foi apontada por Felipe Nunes como um “grave erro”, que apenas intensificou o debate. “Foi como jogar água na fervura”, avaliou o CEO da Quaest.
Além disso, a falta de uma comunicação clara e eficaz contribuiu para a proliferação de desinformacão. O levantamento mostrou que 68% da população ficou sabendo que o governo desmentiu a fake news, mas 67% ainda acreditam na possibilidade de que um imposto sobre o Pix seja implementado no futuro.
Conclusão
O episódio expõe a importância do timing e da estratégia de comunicação em debates digitais. A demora do governo em reagir permitiu que a narrativa contrária ganhasse força, afetando a confiança da população e ampliando a desconfiança em relação às intenções governamentais.
O caso serve como alerta para a necessidade de um monitoramento mais eficaz das redes sociais e uma abordagem proativa na gestão de crises de comunicação.
IA – Imagem: Bruno Peres