“É o nosso jeito piauiense de ser.” Essa foi a expressão do deputado estadual Fabio Novo, do PT, ao participar de solenidade, em Brasília, nesta segunda-feira, 11, onde o Instituto do Patrimôno Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconheceu a arte santeira do Piauí como Patrimônio Cultural do Brasil.
A decisão foi oficializada durante a 106ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e marcou uma vitória significativa para os mestres artesãos, artesãos santeiros e os piauienses. Além de incentivar a preservação da rica tradição cultural e religiosa do estado.
“Quando o IPHAN reconhece, isso mostra o quanto a nossa e autenticidade é forte. Já reconheceu também a cajuína como sendo um patrimônio nosso, do nosso jeito de fazer a cajuína, e agora o nosso jeito de pegar um pedaço de madeira e transformá-lo. E essa transformação é a nossa arte pura, a expressão da humanidade, do Piauí e do piauiense que sabe fazer isso como ninguém”, declarou Fábio Novo.
A arte santeira, uma das manifestações mais emblemáticas do patrimônio cultural piauiense, envolve a produção de esculturas em madeira que retratam figuras religiosas, como santos católicos e imagens devocionais. “O talento e a precisão dos nossos artesãos em transformar a madeira em arte é algo singular do nosso Piauí e foi destaque durante a reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural”, afirmou o superintendente do Artesanato Piauiense (Sudarpi), Ícaro Machado.
A decisão do IPHAN resultou de um longo processo iniciado em 2008, que teve como objetivo proteger e preservar o saber-fazer dos artesãos que, ao longo de gerações, mantêm viva essa tradição.
Por unanimidade ficou decidido o registro da Arte Santeira no livro das Formas de Expressão, que são formas de comunicação associadas a determinado grupo social ou região, desenvolvidas por atores sociais reconhecidos pela comunidade e em relação às quais o costume define normas, expectativas e padrões de qualidade.
De acordo com Ícaro Machado, o registro do modo de fazer da arte santeira tem um impacto significativo na preservação da técnica. Segundo ele, o registro contribui para o fortalecimento da identidade cultural do Piauí, além de oferecer um suporte legal para a proteção dos direitos dos artesãos, incentivando a continuidade da tradição e possibilitando o desenvolvimento de políticas públicas que promovam o fortalecimento da atividade artesanal. Esse reconhecimento, segundo ele, é um triunfo para todos aqueles que preservam, produzem e transmitem essa tradição singular, que enaltece a riqueza da nossa identidade e da nossa história.
“Então, hoje com certeza, é um dia muito histórico para o nosso estado porque reconhecer a arteira como sendo um patrimônio, que já é piauiense, mas que passa a ser do Brasil, essa arte que já se espalhou pelo mundo inteiro através dos nossos santeiros. Essa arte que já chegou, inclusive, no Vaticano. Então nós estamos muito felizes”, comemorou Fábio Novo.
O deputado destacou também o tombamento da Igreja de Lourdes, no bairro Vermelha, zona Sul de Teresina, onde nasce, segundo ele, todo esse processo através da obra do Mestre Dezinho.
Tombamento da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes
Durante a reunião, também ocorreu a aprovação do processo de tombamento da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, que busca preservar o prédio em si, o acervo de bens móveis e integrados, como os altares, imagens sacras e os objetos litúrgicos, que representam a riqueza religiosa e histórica do Piauí.
O tombamento assegura a proteção legal do patrimônio e o torna um ponto de referência para o turismo cultural e religioso, atraindo visitantes e estudiosos interessados em conhecer a história da cidade de Teresina.