Equipe da ONU em Gaza descreve Hospital Al-Shifa como “zona de morte”
Uma equipe ONU, liderada pela Organização Mundial da Saúde, OMS, acessou o Hospital Al-Shifa, no norte de Gaza, neste sábado. Os funcionários descreveram o local como uma “zona de morte”, com sinais evidentes de bombardeios e tiros.
Segundo informações divulgadas pela agência de saúde, a missão relata ter visto uma vala comum na entrada do hospital e foi informada que mais de 80 pessoas foram enterradas nela.
Situação delicada
A OMS afirma que restam 25 profissionais de saúde e 291 pacientes em Al-Shifa.
Os pacientes incluem 32 bebés em estado extremamente crítico, duas pessoas em cuidados intensivos sem ventilação e 22 pacientes em diálise cujo acesso ao tratamento foi gravemente comprometido.
Várias mortes de pacientes foram reportadas nos últimos dias devido ao encerramento dos serviços médicos.
Dado o estado do hospital, que já não está operacional nem admite novos pacientes, foi solicitada a evacuação dos profissionais de saúde e dos pacientes para outras instalações.
A OMS e os parceiros estão desenvolvendo urgentemente planos para a evacuação imediata dos restantes pacientes, funcionários e suas famílias.
Evacuações
Os funcionários da ONU visitaram a instalação com as Forças de Defesa de Israel para garantir uma passagem segura ao longo da rota.
O comando israelense emitiu ordens de evacuação para os restantes 2,5 mil deslocados internos que procuravam refúgio no hospital.
A falta de água potável, combustível, medicamentos, alimentos e outras ajudas essenciais nas últimas seis semanas fez com que o Hospital Al-Shifa, o maior, mais avançado e mais bem equipado hospital de referência em Gaza, deixasse de funcionar essencialmente como instalação médica.
A equipe observou que, devido à situação de segurança, tem sido impossível para o pessoal realizar uma gestão eficaz dos resíduos no hospital.
Riscos
O Hospital Al-Shifa já não pode admitir pacientes, sendo os feridos e doentes agora encaminhados para o Hospital Indonésio, gravemente sobrecarregado e em mau funcionamento.
Durante as próximas 24 a 72 horas, enquanto se aguardam garantias de passagem segura por parte das partes em conflito, estão sendo organizadas missões adicionais para transportar urgentemente pacientes de Al-Shifa para o Complexo Médico Nasser e o Hospital Europeu de Gaza, no sul do enclave.
No entanto, estes hospitais já estão além da sua capacidade e novos encaminhamentos do Hospital Al-Shifa irão sobrecarregar ainda mais o pessoal médico e os recursos de saúde.
A OMS reitera o seu apelo a esforços coletivos para pôr fim às hostilidades e à catástrofe humanitária em Gaza.
A agência de saúde reforça seu apelo por um cessar-fogo imediato, além de renovar seu pedido pela entrada contínua de assistência humanitária em grande escala, ao acesso humanitário sem entraves a todos os necessitados, à libertação incondicional de todos os reféns e à cessação dos ataques aos cuidados de saúde e a outras infraestruturas vitais.
Fonte: ONU News – Imagem: WHO