Em meio a recorde de calor, ONU pede que G20 leve a sério redução de emissões
Dados divulgados nesta quinta-feira pela Organização Meteorológica Mundial, OMM, confirmam que este julho está prestes a se tornar o mês mais quente já registrado. As altas temperaturas se relacionam com ondas de calor em boa parte da América do Norte, Ásia e Europa.
De acordo com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, “as consequências são claras e trágicas: crianças arrastadas por chuvas torrenciais, famílias fugindo de incêndios e trabalhadores desmaiando no calor escaldante.”
A mudança climática já está aqui
O líder da ONU disse que a mudança climática “já está aqui”, é “assustadora” e que o que estamos vendo é “apenas o começo.”
Incêndios florestais em países como Canadá e Grécia têm um impacto enorme na saúde das pessoas, no meio ambiente e nas economias.
Guterres lembrou que tudo que está acontecendo é “inteiramente consistente com previsões e alertas repetidos diversas vezes.”
Ele enfatizou que o “nível dos lucros com combustíveis fósseis e da falta de ação climática são inaceitáveis.” Embora reconheça alguns progressos com energia renovável, o chefe das Nações Unidas considera que isso ainda não é suficiente.
Responsabilidade do G20
Guterres destacou que existem “diversas oportunidades críticas” chegando para mudar este quadro. Dentre elas as Cúpulas Climática da África, do G20, da Ambição Climática da ONU e a Conferência sobre Mudança Climática, COP28, marcada para os Emirados Árabes Unidos.
As 20 maiores economias do mundo, que compõem o G20, o grupo que inclui o Brasil, são responsáveis por 80% das emissões globais de gases do efeito estufa. Por isso, o secretário-geral afirmou que essas nações “devem intensificar ações climáticas e reforçar a justiça climática.”
Respondendo a jornalistas, ele disse que a próxima Cúpula do G20, em setembro, na Índia, será decisiva, pois nenhuma outra nação tem como compensar as consequências “caso o G20 não atue com seriedade para reduzir de forma dramática as emissões.”
Guterres também cobrou planos factíveis para acabar com o uso de carvão até 2040 e uma atuação firme das instituições financeiras para encerrar empréstimos e investimentos em combustíveis fósseis.
Planos de adaptação insuficientes
Antes da divulgação do relatório, o climatologista Álvaro Silva, da OMM, contou à ONU News, de Lisboa, que além da mitigação é importante melhorar os planos de adaptação.
“Estamos cada vez mais a experienciar aquilo que foi antecipado há muitos anos do ponto de vista de mudança climática. É importante não esquecer que temos que acelerar a adaptação, porque muitas vezes a adaptação pode não ser suficiente do ponto de vista das medidas que estão atualmente em vigor e dos planos de ação.”
Segundo a OMM, em 6 de julho, a média diária da temperatura global do ar ultrapassou o recorde estabelecido em agosto de 2016, tornando-se o dia mais quente já registrado, com os dias 5 e 7 de julho logo atrás.
As três primeiras semanas de julho foram o período de três semanas mais quente já visto. Desde maio, a temperatura média global da superfície do mar está bem acima dos valores observados anteriormente para esta a época do ano, contribuindo para o julho excepcionalmente quente de 2023.
Fonte: ONU News – Imagem: Unsplash/Ella Ivanescu