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Deslocamentos em massa em Gaza agravam crise de saúde

Com mais de 800 mil pessoas deslocadas de Rafah desde 6 de maio, quase 150 mil pessoas se registraram para os serviços da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, em Khan Younis somente nos últimos 10 dias.

Houve um aumento de 36% no número de pessoas nas instalações da Unrwa na região. Segundo entidades da ONU, há famílias vivendo entre escombros em escolas danificadas, sem serviços essenciais e suprimentos.

Saúde

O impacto dos deslocamentos em larga escala gera preocupações de saúde, com a Unrwa reportando o aumento rápido de diversas doenças transmissíveis. Antes da operação em Rafah, os dados da OMS já mostravam um aumento acentuado nos casos de diarreia, infecções respiratórias e síndrome da icterícia.

O diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, vem repetidamente alertando para a situação sanitária no enclave. Esta semana, dois hospitais parcialmente funcionais no norte de Gaza corriam o risco de interromper suas operações.

O Hospital Al Awda está sitiado desde 19 de maio, sem que ninguém tenha permissão para sair ou entrar no local, e 148 funcionários do hospital, além de 22 pacientes e seus acompanhantes, ainda estão presos lá dentro.

Em uma coletiva de imprensa em Genebra, o diretor-geral da OMS destacou que esta é a segunda vez que o Hospital Al Awda é sitiado desde o início do conflito e que a instituição já sofreu perdas significativas, incluindo a morte de 14 funcionários.

Além disso, dos nove hospitais de campanha no sul, apenas sete continuam funcionando plenamente. Segundo a OMS, todas as evacuações médicas de pacientes gravemente permaneceram interrompidas desde 7 de maio e a escassez de combustível continua a ameaçar a prestação de serviços de saúde.

Alimentos

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, afirmou que nesta terça-feira, 17 caminhões chegaram ao armazém da agência por meio da doca flutuante instalada na costa da Faixa de Gaza.

A entidade foi responsável por 11 deles, que incluíam porções prontas para consumo para serem distribuídas, e o restante era para outros parceiros humanitários.

Nenhum incidente foi relatado e todas as mercadorias foram contabilizadas. O PMA está no processo de classificar as mercadorias e passar pelos procedimentos logísticos regulares. Outros 27 caminhões chegaram na quarta-feira e refeições quentes puderam ser distribuídas.

Em sua rede social, o PMA destaca que as milhares de famílias que estão fugindo de Rafah sofrem com a escassez alimentos e água potável. Para alcançar mais pessoas, a agência está usando os estoques de alimentos para fornecer até 400 mil refeições quentes por dia em Gaza.

Direitos Humanos

Ainda nesta quinta-feira, a relatora especial* da ONU sobre Tortura, Alice Jill Edwards, instou o governo de Israel a investigar várias alegações de tortura e outros tratamentos ou punições cruéis, desumanos ou degradantes contra palestinos detidos desde 7 de outubro de 2023.

Ela lembra que as pessoas privadas de liberdade devem sempre ser tratadas com humanidade e receber as proteções exigidas pelo direito internacional humanitário e de direitos humanos, independentemente das circunstâncias de sua detenção.

Desde os ataques de 7 de outubro de 2023, estima-se que milhares de palestinos, inclusive crianças, tenham sido detidos. Os palestinos da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e de Gaza estão sendo mantidos em prisões administradas pelo Serviço Prisional de Israel e em campos das Forças de Defesa de Israel.

A relatora especial recebeu alegações de que indivíduos foram espancados, mantidos em celas com os olhos vendados e algemados por períodos excessivos, privados de sono e ameaçados com violência física e sexual.

Outros relatos sugerem que os prisioneiros foram insultados e expostos a atos de humilhação, como serem fotografados e filmados em poses degradantes, enquanto o uso prolongado de algemas com zíperes teria causado ferimentos e lesões por fricção.

Fonte: ONU News – © WFP/Ali Jadallah

 

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