Deslocados no Haiti precisam de melhores condições de abrigo, diz OIM
A Organização Internacional para as Migrações, OIM, e o Governo do Haiti precisam de US$ 21 milhões para garantir melhores condições de proteção e abrigo para milhares de novos deslocados pela violência de gangues na capital do país, Porto Príncipe, que acontece desde meados de agosto.
Sucessivos surtos de violência nos bairros Carrefour-Feuilles e Savanes Pistaches, levaram muitas pessoas a fugir de suas casas. Cada vez mais, os deslocados se abrigam em locais improvisados, onde enfrentam formas adicionais de violência.
70 mil vivem em locais inadequados
Segundo o chefe do Escritório da OIM no Haiti, Philippe Branchat, “o deslocamento traz graves riscos à saúde, à segurança alimentar e econômica das pessoas, expondo-as à violência baseada no gênero, além de colocar pressão sobre as infraestruturas locais e a coesão social nas comunidades de acolhimento”.
Quase 200 mil pessoas estão agora deslocadas internamente no Haiti, das quais cerca de 70 mil se encontram em assentamentos espontâneos e centros coletivos inadequados e precários.
Além disso, 31 mil dormem ao ar livre e 34 mil estão amontoados em salas de aula, de acordo com a Matriz de Rastreamento de Deslocamentos da OIM.
Muitas famílias não conseguem satisfazer as suas necessidades básicas. Abrigos inadequados e condições de vida superlotadas agravam ainda mais as tensões, contribuindo para a violência e aumentando o risco de agressão sexual.
Dormindo em pé na chuva
Uma mulher que fugiu da violência com seu filho e foi para uma escola que serve como abrigo, disse que “falta espaço nas salas de aula e quando chove a gente dorme em pé na chuva.”
A OIM e o governo haitiano estão trabalhando com parceiros para distribuir cobertores, esteiras, recipientes de armazenamento de água, kits de abrigo de emergência e utensílios de cozinha para 70 mil pessoas.
No total, 53 centros coletivos para deslocados receberão equipamentos e reparos, e será fornecida assistência monetária a 130 mil pessoas que vivem com famílias anfitriãs. A OIM também ajuda aos mais vulneráveis a saírem dos locais precários de abrigo e irem para habitações mais adequadas.
Acolhimento em queda
Em seis meses, a percentagem de deslocados que ficam com famílias de acolhimento caiu de 75% para 55%, enquanto a proporção daqueles que se refugiam em centros coletivos aumentou de 25% para 45%.
Para agravar ainda mais a situação, mais de 115 mil haitianos foram devolvidos à força de países vizinhos em 2023, muitos deles sem identificação adequada, o que complica a sua reintegração.
Os dados da OIM mostram que quase 22% dos repatriados foram anteriormente deslocados no Haiti, destacando a necessidade de soluções sustentáveis e de longo prazo para o deslocamento interno.
Fonte: ONU News – Imagem: Ocha/Giles Clarke