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Comandante brasileiro das forças da ONU na RD Congo fala ao Conselho de Segurança

O Conselho de Segurança debate, nesta sexta-feira, a proteção de civis em conflitos. Um dos oradores é o general brasileiro Otávio de Miranda Filho, que lidera a Missão da ONU na República Democrática do Congo, Monusco.

Ele falará ao lado do subsecretário-geral para Operações de Paz e outros comandantes de forças das Nações Unidas. 

Deslocados internos

Os boinas-azuis na RD Congo atuam num cenário com 116 grupos armados conhecidos, com motivações que variam de ideológicas a étnicas e econômicas, como explicou à ONU News, em Nova Iorque.

“Tudo no Congo é impactante. É um país magnífico, com uma natureza maravilhosa, com uma gente muito boa e acolhedora. Então tudo é impactante. E há uma coisa que marcou muito a nós, os brasileiros. Foi quando nós estivemos em um TOB, que é uma base temporária chamada Rhoo.  Ao lado dela, nós temos um dos maiores a IDP sites. É um campo de deslocados internos. É quase uma cidade são mais de 70 mil homens, mulheres e muitas crianças que vivem ali. Então, quando o nosso helicóptero se aproximou para pousar, e você vê de cima aquela quantidade de pessoas numa condição extremamente difícil, não tem como não ficar tocado pelo que vê. E não tem como você não usar essa experiência para motivar as suas tropas a fazerem muito mais do que elas vinham fazendo no sentido de, pelo menos, promover algum tipo de proteção para aquela gente.”

A RD Congo tem 6,3 milhões de deslocados internos, a taxa mais alta do continente africano. 

A sessão do Conselho acontece quase cinco meses após o general Miranda Filho assumir a chefia militar da Monusco. Ele fala de sequelas na linha de frente, após a alta de violência e da insegurança na parte oriental, observada este ano.

Três décadas de conflito

O aumento de ataques de grupos armados na RD Congo agrava a realidade dos congoleses que vivem mais de três décadas de conflito. 

O general Otávio de Miranda Filho cita a busca contínua de melhores resultados para aliviar o sofrimento de congoleses
Reprodução

 

A situação humanitária, que já era considerada terrível, piorou no leste, onde há uma combinação de violência e desastres naturais. 

O general Otávio de Miranda Filho cita a busca contínua de melhores resultados para aliviar o sofrimento de congoleses. Somente em 15 meses,  2,8 milhões de pessoas forçadas a deixar suas casas em províncias como Kivu do Norte, Kivu do Sul e Ituri. O comandante da Monusco ressaltou algumas das barreiras.

“Para eles falta tudo. Falta água. Falta comida. Falta dignidade. Falta habitação. Falta expectativa de vida. Falta expectativa de um dia melhor. Eles sobrevivem a cada dia. Então, o mínimo que a força da Monusco pode fazer para amenizar esse sofrimento é protegê-los, para que pelo menos eles possam sobreviver. Então, a nossa chegada ali naquela área foi algo que me impactou. E eu não sou um homem de ser impactado facilmente, mas é realmente algo muito impressionante que nos faz pensar sobre o verdadeiro objetivo de uma missão de paz, porque é que nós estamos ali e qual é o resultado que nós temos que entregar no final do dia.”

A RD Congo acolhe 26 militares brasileiros na missão que totaliza mais de 16 mil integrantes.

O general diz acompanhar a possibilidade de Angola apoiar a desintegração de ex-combatentes e evitar seu retorno à violência.

Fonte: ONU News – Imagem: Monusco

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