É flagrante a tentativa do senador piauiense Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas (PP), em tentar, a todo custo, ocupar espaço na mídia local, fazendo sempre um contraponto em relação ao governador do Piauí, Wellington Dias, do PT, de quem já foi aliado até meados de 2020. O congressista, interessado em assumir o protagonismo em relação às eleições gerais de 2022, não perde a oportunidade para tecer críticas ao gestor piauiense no tocante, principalmente, à condução de ações contra a pandemia da Covid-19.
Interessante observar que tempos atrás, o senador afirmava através de suas redes sociais que o governador estava vendendo ilusões ao divulgar iniciativas, como a compra de vacinas, para o enfrentamento da pandemia, liderando uma ação nacional de governadores. O parlamentar dizia na época que somente o presidente Bolsonaro (sem partido), de quem é aliado, poderia tomar essa atitude. Mas eis que os governos estaduais estão, sim, agindo para viabilizar compra de vacinas para colocá-las à disposição do Plano Nacional de Imunização (PMI), do Ministério da Saúde.
Wellington Dias lidera governadores no enfrentamento à Covid-19
Wellington Dias, que é presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste – Consórcio Nordeste, anunciou, no sábado (13), a compra de mais 37 milhões de doses da vacina russa Sputinik V. A garantia foi dada em reunião entre os governadores dos estados nordestinos e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. No encontro, ficou definido que o ministério fará o pagamento das vacinas que ficarão disponíveis para o Plano Nacional de Imunização (PNI).
“Além do contrato geral para a compra dessas doses da vacina, agora, cada estado do Nordeste também celebrou contrato individualmente. Estamos com as equipes do Consórcio Nordeste e do Ministério da Saúde trabalhando um termo pela decisão de colocar essas doses à disposição na regra do Plano Nacional de Imunização. Vacina para o Nordeste, mas também para todo o Brasil”, disse Wellington Dias.
Vencido nesse discurso, o senador do PP agora procura outra forma de fazer contraponto e se destacar na oposição ao gestor piauiense. Agora, questiona o anúncio de investimento de R$ 1 bilhão em obras de infraestrutura através do programa Pro Piauí. Para Ciro Nogueira, o governador deveria pegar esses recursos e investir na compra de vacina. Ora, agora podem os governadores assumir essa responsabilidade?
Por último, Ciro resolveu criticar o Governo do Estado e a Prefeitura de Teresina pelas “filas quilométricas de idosos para tomarem a vacina”. Esquecendo-se de afirmar que esse é um fenômeno nacional, porque o seu governo, o Governo Bolsonaro, não providenciou em tempo hábil a compra de vacinas, o que vem motivando a suspensão da vacinação em vários municípios brasileiros.
Nesse quesito, o governo federal vem propagando a compra de vacinas. Mas pelo atraso de atitude do tipo, esses imunizantes ainda vão demorar a chegar no país. Governos estaduais e prefeituras estão numa cruzada dramática para apressar a chegada das vacinas, porque o número de transmissão e mortes pela doença só aumenta a cada dia, colapsando a rede hospitalar pública e particular do país. O Brasil é hoje a principal referência mundial de como não agir numa pandemia. É o epicentro mundial da Covid-19.
Sobre isso, o senador Ciro Nogueira não se manifesta.
A propósito, o deputado federal petista Merlong Solano, da bancada federal piauiense, comparou, no início deste mês de março, as falas do senador Ciro Nogueira e Jair Bosonaro a uma propaganda nazista, segundo a qual uma mentira repetida mil vezes pode virar verdade. “Considero incrível como algumas migalhas de poder e dinheiro podem fazer um senador da República, presidente de um grande partido, abrir mão de valores éticos básicos, como o de falar a verdade”, assinalou. Ele se referia a uma postagem do presidente da República divulgando o envio de recursos do governo federal para cada estado para o combate à pandemia. Mas só que ele incluiu recursos constitucionais nesses montantes.
Segundo Merlong, o senador piauiense, “embarcado na canoa bolsonarista, que agora pretende desvincular os recursos constitucionais destinados à educação e à saúde, tenta fazer crer que o governo federal enviou R$ 19 bilhões para o Piauí combater a pandemia do novo coronavírus e ataca uma das medidas mais eficazes contra o aumento do número de mortes no momento: o distanciamento social”.
“Com essa mentira e essa insanidade de negar o distanciamento social, ele [Ciro] e seu chefe [Bolsonaro] atacam o governador Wellington Dias e todos os prefeitos e prefeitas do Piauí, assim como mostram que não têm amor à vida dos piauienses. Como o governo federal não cuidou de comprar vacinas na época certa, a vacinação segue lentamente por falta de doses. Diante disso, só a prevenção (máscara, limpeza das mãos e distanciamento social) é capaz de salvar vidas”, completou Merlong.
Assim como ocorre no Brasil como um todo, em que o presidente Jair Bolsonaro procura dividir opinião pública em torno das ações contra a pandemia, com seu negacionismo que vem contribuindo para o extremismo de seus seguidores e o alastramento de contaminação e mortes pelo país, o senador Ciro Nogueira procura também confundir a opinião pública em relação ao enfrentamento à Covid-19 no Piauí realizado pelo gestor piauiense.
A população vê com repugnância essa atitude do senador. Esse seria o momento de todos deixaram de lado suas diferenças partidárias e pretensões políticas para se engajarem nessa guerra contra a pandemia no Piauí e no Brasil. Mas essa empatia e esse altruísmo por um bem maior parece que não fazem parte da cartilha ideológica de Ciro Nogueira. Parece mais interessado em marcar terreno por um projeto de poder.
Redação