O senador piauiense licenciado Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas, não nega a sua história de amante do poder, de onde nunca saiu, não importa o governo. Para quem Lula já foi o melhor presidente da história do Brasil e de quem se dizia eleitor incondicional, mesmo quando o petista estava preso, agora tenta apontar o que ele diz pontos fracos do ex-presidente, mas nas figuras de outros nomes do PT, para justificar sua adesão a Bolsonaro para reeleição em 2022.
Como ministro-chefe da Casa Civil, cargo para o qual foi empossado nesta quarta-feira (04) pelo seu agora presidente de estimação Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira procura no argumento de figuras, como da do ex-ministro Petrônio Portela, tio da sua ex-mulher deputada federal Iracema Portela (PP-PI), para dizer que é normal mudar de conceito e de opinião. Para não falar de traição, como se afirma nos bastidores da política, pelo seu histórico de “facada nas costas”, como fizera com a ex-presidenta Dilma Rousseff, que teve por ele suas mãos beijadas numa manhã e no mesmo dia votou e orientou seu partido a votar pelo impeachment da gestora.
Políticos piauienses de direita – e até de esquerda – outros mais otimistas ainda, principalmente, formadores de opinião, caem na lenga-lenga, lugar-comum, de que Ciro Nogueira, como ministro-chefe da Casa Civil, vai melhorar o Piauí. Como? Ninguém responde. Ilustres nomes do Piauí já vieram a ocupar cargos relevantes no governo federal em outras gestões, mas pouco foi a influência em relação a desenvolvimento piauiense.
E no caso de Ciro Nogueira, esquecem-se os que emitem opiniões positivas, dão vivas e batem palmas, de que por trás dessa nomeação há uma guerra surda sobre desgostos e egos do senador piauiense, inconformado com recursos liberados para o estado piauiense pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Foram R$ 800 milhões. Ameaçando, inclusive, tirar o apoio do PP ao governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional. E essa contrariedade é só porque o governador é Wellington Dias, do PT, de quem o senador já foi aliado e agora é inimigo. Tudo por uma questão de poder dentro do Piauí. Ciro quer eleger um governador para chamar de “seu” no próximo pleito, já sugerindo ser ele mesmo o candidato, o que muitos duvidam. Acham que ele vai lançar uma “bucha de canhão”.
”
Segundo a revista Veja, em conversa recente, além de observar ao interlocutor que a rejeição de Lula é muito grande e que “não tem partido mais odiado no país do que o PT”, o ministro disse ter tido acesso a pesquisas qualitativas que mostram uma rejeição ainda maior a figuras como a da presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, e a do ex-senador Lindbergh Farias. A palavra usada por Nogueira para defini-los é “desastre”.
Ainda de acordo com a Veja, apostando firme na polarização, o ministro mais poderoso do Palácio do Planalto acha que a lembrança do séquito petista e a perspectiva de volta dessa “turma” ao poder ajudará o eleitor a superar a atual “lua de mel de Lula”, que ele vê como “raiva momentânea” da população pelo presidente, diante do desgoverno na pandemia.
Mas o brasileiro – e muito menos os piauienses – não se esquecem de que Ciro Nogueira já fez parte do que ele chama agora “desastre” e “turma” pela qual se beneficiou de todas as formas. Sugou até a última gota, quando decidiu trair Dilma Rousseff, para se juntar a Michel Temer, que assumiu a presidência em seguida, e agora a Bolsonaro, porque, afinal, pelo sim pelo não, é o presidente, símbolo do poder maior da República. E o que ele busca é justamente isso: poder.