Casos de violência de gênero mais do que dobraram com conflito no Sudão
Ano de 2024 começou com 6,7 milhões de pessoas precisando de serviços relacionados à questão;
A ONU Mulheres destaca que as sudanesas sofrem “desafios inimagináveis” no país africano em novo relatório sobre o impacto do conflito que segue para o segundo ano.
Na publicação apesentada esta sexta-feira, em Genebra, a agência confirma o aumento do risco da violência sexual enfrentado por mulheres e novos relatos de casos tanto da prática como de outros abusos relacionados ao conflito.
Serviços de violência de gênero tiveram alta de 100%
O total de pessoas precisando de serviços de atendimento à violência de gênero aumentou em 100% para 6,7 milhões até dezembro desde a eclosão do conflito. Estima-se que o número seja ainda maior atualmente e a maioria envolve mulheres.
Com os níveis atuais de violência, em particular em áreas como Cartum, Darfur e Cordofão, as mulheres e meninas ficaram mais expostas a casos de agressão relacionada a conflitos, bem como à exploração sexual e ao abuso.
Até 5,8 milhões de deslocadas internas estão em situação de fragilidade, considerando o crescimento de casos de abusos não relatados devido à falta de apoio adequado e ao medo de estigma e retaliação.
Mais de 160 mil mulheres grávidas
Com a piora da situação humanitária há mais mulheres e meninas afetadas. Em 10 estados, pelo menos 64% das famílias chefiadas por mulheres enfrentam insegurança alimentar, em comparação com 48% das lideradas pelos homens.
Segundo a ONU Mulheres, outro dado preocupante é a existência de mais de 160 mil mulheres grávidas que “provavelmente terão que dar à luz sem serviços adequados”.
A agência cita informações da ONG Médicos Sem Fronteiras revelando que muitas unidades de saúde tentam de manter operacionais, mesmo com os recursos cada vez mais escassos.
Desde o início dos confrontos entre o Exército sudanês e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, RSF, em abril do ano passado, vários milhões de sudaneses foram deslocados.
O conflito também deixou cerca de metade da população do país africano enfrentando níveis extremos de fome.
Fonte: ONU News – Imagem: ONU