Capital do Sudão é fechada após tumultos violentos na esteira de golpe
Ruas foram bloqueadas, lojas foram fechadas, os telefones não estavam funcionando e os alto-falantes das mesquitas clamavam por uma greve geral no Sudão nesta terça-feira, um dia depois de o Exército tomar o poder com um golpe de Estado que provocou tumultos que deixaram ao menos sete mortos.
Colunas de fumaça de pneus incendiados por manifestantes pairavam sobre Cartum. A vida parou na capital e na cidade gêmea de Omdurman, do outro lado do Nilo, e ruas foram bloqueadas ou por soldados, ou por barricadas de manifestantes.
A noite pareceu ter transcorrido comparativamente tranquila depois dos tumultos da segunda-feira, quando manifestantes foram às ruas depois que soldados prenderam o primeiro-ministro Abdalla Hamdok e outros civis do gabinete. Uma autoridade do Ministério da Saúde disse que sete pessoas foram mortas em choques entre manifestantes e as forças de segurança.
Ainda na segunda-feira, o general Abdel Fattah al-Burhan dissolveu o Conselho Soberano, composto por militares e civis e criado para conduzir o país à democracia após a deposição do autocrata de longa data Omar al-Bashir em uma revolta popular dois anos atrás.
Burhan anunciou um estado de emergência, dizendo que as Forças Armadas precisam salvaguardar a segurança e a proteção do país. Ele prometeu realizar eleições em julho de 2023 e entregar o poder a um governo civil eleito.
Nesta terça-feira, ele dissolveu comitês que governam sindicatos, noticiaram canais de notícia árabes.
O Ministério da Informação, ainda leal a Hamdok, classificou a tomada de poder como um crime e disse que o premiê ainda é o líder legítimo.
Hamdok e os membros desaparecidos de seu gabinete ainda estão sendo detidos em local desconhecido, disse o ministro das Relações Exteriores do governo deposto em uma mensagem publicada na página de Facebook do Ministério da Informação nesta terça-feira.
As principais ruas e pontes entre Cartum e Omdurman foram fechadas pelos militares para veículos. Bancos e caixas eletrônicos foram fechados, e aplicativos de celular usados amplamente para transferências de dinheiro estavam indisponíveis.
Algumas padarias estavam abertas em Omdurman, mas as pessoas estavam passando horas nas filas, mais do que o normal.
“Estamos pagando o preço da crise”, disse, irritado, um homem de cerca de 50 anos que procurava um remédio em uma das farmácias onde os estoques estão diminuindo. “Não podemos trabalhar, não conseguimos achar pão, não há serviços, não há dinheiro.”
Fonte: Reuters