O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez críticas à taxa de desemprego divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice, referente ao trimestre encerrado em novembro, foi de 6,1%, o menor da série histórica iniciada em 2012. Segundo Bolsonaro, a metodologia utilizada pelo instituto não reflete a realidade do mercado de trabalho brasileiro.
De acordo com o ex-chefe do Executivo, os critérios do IBGE distorcem os números. “Quem não procura emprego, para o IBGE, está empregado. Para quem recebe qualquer benefício social, como o Bolsa Família, está empregado”, afirmou.
Bolsonaro questiona critérios do IBGE
Bolsonaro também argumentou que a forma como o IBGE calcula a taxa de desemprego não representa a situação real da economia. “Então sobra uma quantidade bem pequena de pessoas para saber se está empregado ou não. E essa mentira é corroborada pelo fato de ter aumentado o número de pessoas que procuram o seguro-desemprego”, declarou.
A metodologia do IBGE, no entanto, é clara: a taxa de desemprego resulta da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). O cálculo considera como desempregados aqueles que buscaram emprego ativamente e não conseguiram encontrar trabalho no período analisado. Pessoas que não procuraram emprego, independentemente de estarem desempregadas, são classificadas como fora da força de trabalho e, por isso, não entram no cálculo.
Entenda a metodologia do IBGE
Desde o início da Pnad Contínua, em 2012, o IBGE adota o mesmo método, amplamente utilizado por órgãos internacionais. A fórmula já foi alvo de críticas de opositores em gestões anteriores. Na época, partidos e lideranças acusavam o governo federal de manipular dados para fins políticos, algo semelhante às críticas de Bolsonaro.
O IBGE esclareceu ainda que o recebimento de benefícios sociais, como o Bolsa Família, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou o seguro-desemprego, não influencia diretamente na classificação como ocupado ou desocupado.
“Há situações em que beneficiários de seguro-desemprego trabalham informalmente, como motoristas de aplicativo ou vendedores ambulantes. Nesse caso, essas pessoas são classificadas como ocupadas, conforme prevê a metodologia”, informou o órgão.
Debate político e a economia
O debate sobre os critérios de medição da taxa de desemprego reflete não apenas uma disputa política, mas também uma discussão sobre como mensurar a realidade do mercado de trabalho em um país com alta informalidade e grande número de beneficiários de programas sociais.
Enquanto o IBGE defende a transparência e consistência de sua metodologia, as críticas levantadas por Bolsonaro e outros políticos expõem divergências sobre a leitura dos dados econômicos e sociais no Brasil.
IA – Imagem: Fábio Rodrigues