O deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) se limitou a poucas palavras e não mencionou nominalmente o STF (Supremo Tribunal Federal) durante seu discurso no ato bolsonarista neste 1º de Maio que fechou uma das pistas da orla de Icaraí, em Niterói (região metropolitana do Rio de Janeiro).
O político apenas afirmou que “ficou muito tempo calado” e “aqui não tem teoria da conspiração, é muito real”. Disse que “estava muito próximo de acontecer. Se não fosse o presidente Bolsonaro, essa cor amarela e verde não estaria acontecendo, estaria vermelha”.
Ele chegou por volta das 10h15, quando a manifestação ocupava cerca de um quarteirão, aos gritos de “Daniel Silveira”, “Eô, eô, Daniel para senador”.
O deputado acrescentou ainda: “Falei por várias vezes no privado com Bolsonaro e garanto para vocês, não tem nada que preocupa mais o presidente do que livrar o Brasil do socialismo que vem avançando”.
Ao final, segurou uma placa de rua com seu nome, semelhante à placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL) que destruiu durante manifestação em 2018, quando ainda era candidato pelo PSL.
A manifestação, iniciada às 9h em frente à reitoria da UFF (Universidade Federal Fluminense), foi divulgada como “ato pela liberdade e em apoio ao presidente” nas redes sociais de políticos próximos a Silveira, que está com suas redes sociais bloqueadas na internet por decisão judicial há mais de um ano.
O deputado bolsonarista foi condenado no último dia 20 pelo STF a oito anos e nove meses de prisão, em regime inicialmente fechado, por ataques feitos a integrantes da corte.
Os magistrados também cassaram seu mandato, suspenderam seus direitos políticos e determinaram multa de cerca de R$ 192 mil.
No dia seguinte, porém, o presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu indulto ao deputado para anular a pena. O perdão, neste formato individual, é considerado raro, o que deixa os efeitos jurídicos do decreto incertos e gera divergências nas análises de especialistas.
Antes de subir no caminhão, Silveira foi anunciado no microfone como “o homem que vai explodir o STF, o homem-bomba”. O veículo vinha coberto pela faixa “no dia do trabalhador, lutamos pela liberdade!”, próximo a outro cartaz com os dizeres “Supremo é o povo”.
Nas caixas de som, uma paródia do funk “Baile de Favela” em apoio ao presidente cantou frases sexistas: “As minas de direita são as top mais belas, enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela”, “para as feministas ração na tigela” e “Maria do Rosário [deputada federal pelo PT] não sabe lavar panela”.
Na concentração também houve críticas ao uso da bandeira do arco-íris pela população LGBTQIA+ e a uma suposta tentativa da esquerda de transformar as crianças em gays. “Menino veste azul e menina veste rosa”, disse um dos discursantes ao microfone.
A um público com poucos jovens, majoritariamente mais velho, o ato foi chamado também de “a festa da democracia, do verdadeiro trabalhador”. Diferentemente da última manifestação de 7 de setembro, havia poucas referências às Forças Armadas.
Estavam presentes também o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), seu irmão Renan Jordy, economista e pré-candidato a deputado estadual pelo PL, e o deputado estadual Coronel Salema (PL), que distribuía flyers por sua recandidatura.
Fonte: Folha de São Paulo