O “companheiro Alckmin” e sua mulher, Lu, deverão ser padrinhos do casamento de Lula e da socióloga Rosângela da Silva, cujo apelido é Janja. Esta é uma das histórias de bastidor entre petistas, no contexto da ideia do ex-presidente de afinar laços com o ex-governador paulista e criar uma amizade real como a que existiu com José Alencar, que foi vice de Lula nas eleições de 2002 e 2006.
Lula e Janja pretendem se casar no mês que vem.
Favas contadas
No ato organizado hoje (8) pelo PT e PSB, em São Paulo, Lula encerrou essa novela arrastada da indicação do ex-governador Geraldo Alckmin para vice. Petistas reconheceram que estava chato esse falso suspense sobre a oficialização da chapa presidencial. O PT vai aprovar a indicação de Alckmin para vice.
Vice com poder
Lula fez questão de deixar claro, como já disse a Alckmin em conversas reservadas, que ele não será um vice decorativo. Afirmou nesta sexta que o PSB participará da discussão de programa de governo e da formação de uma eventual administração.
Alckmin terá papel de destaque na discussão econômica e nas articulações para vencer resistências dos setores mais conservadores do empresariado ao PT, como o agronegócio do centro-sul do país.
Estratégia é levar no 1º turno
Lula e Alckmin vão combinar uma agenda de movimentos para tentar vencer a eleição no primeiro turno. O discurso público é o de que será uma eleição dura provavelmente travada em duas etapas.
Nos bastidores, porém, Lula acredita que dá para acirrar a polarização com Bolsonaro e, na margem, buscar o voto útil para liquidar a fatura no primeiro turno. O PT vê como positivo o afunilamento da chamada terceira via, que, com exceção de Ciro Gomes (PDT), é formada por ex-eleitores de Bolsonaro em 2018.
Outro fator que pode beneficiar Lula: votos brancos e nulos são excluídos da contagem oficial. A depender do percentual de votos inválidos, a marca absoluta hoje de 43% de intenção nas pesquisas pode superar os 50% na apuração oficial com a exclusão dos brancos e nulos.
Aposta plebiscitária
Apostar no caráter plebiscitário da eleição é uma espécie de mantra entre os estrategistas do PT.
No discurso de hoje, além da questão democrática, que explica a união com Alckmin, Lula priorizou a recuperação da economia, falando com todos os segmentos da sociedade, mas com o coração voltado para os mais pobres, e lembrou o péssimo desempenho de Bolsonaro na pandemia, quando falou da importância do SUS (Sistema Único de Saúde) para minimizar os efeitos negativos da pandemia no Brasil.
Porta entreaberta
Lula vai procurar evitar rebater ataques de Ciro Gomes. Foi aconselhado a não rebater para tentar manter algum canal de diálogo aberto para uma reaproximação futura e sinalizar para o eleitorado do ex-governador do Ceará que Bolsonaro é a ameaça ao país.
Um cardeal petista diz que não seria fácil recompor as relações com Ciro no futuro diante dos ataques recentes feitos a Lula, mas afirmou que recusar uma eventual reaproximação seria incoerente com o discurso atual de se unir a antigos adversários para enfrentar Bolsonaro.
Lula já pediu a petistas para não entrar em debate com Ciro. O ex-presidente diz que é preciso demonstrar respeito pelo PDT, partido com o qual tem boas pontes.
Pedra no sapato
Lula considera uma tremenda vitória a candidatura presidencial de Moro ter virado pó em menos de uma semana. As articulações recentes dos candidatos da chamada terceira via sinalizaram dificuldade crescente para o ex-juiz voltar ao páreo presidencial.
Moro era uma pedra no sapato do PT, sempre procurando pautar nas redes sociais o debate sobre corrupção. Apesar da falta de autoridade moral para tocar no tema, pois o ex-juiz corrompeu a lei processual penal, ele ainda tem uma imagem positiva ao tratar de corrupção. É um santo com pés de barro graças à omissão da imprensa sobre os abusos ilegais que o ex-juiz cometeu na Lava Jato.
Lado certo
Na semana que vem, Lula vai a Brasília para prestigiar o acampamento indígena que se opõe às tentativas de Bolsonaro e do Congresso de aumentar as possibilidades de exploração das terras dos primeiros povos do Brasil. Faz bem. Impedir que Bolsonaro destrua os índios é uma tarefa civilizatória.
Fonte: UOL/Kennedy Alencar