Teresina ganhará um plano que institui as políticas públicas de enfrentamento às mudanças climáticas e seus efeitos. O Plano de Ação Climática, elaborado pela Agenda 2030, vinculada à Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação – Semplan. O órgão está finalizando o relatório para que seja apresentado à população em outubro.
O Plano de Ação Climática contempla estudos da atual situação da cidade e projeta os cenários de médio e longo prazos para aumento da temperatura média registrada na cidade, alagamentos, queimadas, riscos de desabamentos e outros efeitos da mudança climática.
Teresina tem apresentado níveis de aquecimento superiores ao que é sentido no resto do mundo. Isso representa o agravamento de problemas em várias áreas, como saúde, educação e gestão pública.
A localização da cidade, logo abaixo da linha do Equador, uma posição de extremo do clima quente, favorece esse aquecimento. A temperatura aqui aumenta a uma velocidade duas vezes mais rápida se comparada à média global (de 1,1°C), de acordo com mapas que analisam o aumento de temperatura superficial média no último século (NASA, 2022).
Os efeitos disso já podem ser sentidos pela população. As chuvas estão se tornando tempestades. Sua intensidade tem aumentado, provocando estragos maiores a prédios públicos e privados, causando mais alagamentos e demandando mais do poder público. Também é possível sentir um aumento do período chuvoso com a elevação brusca das temperaturas assim que as chuvas cessam. Se antes os meses de maio, junho e julho eram caracterizados pela brisa e ventos que amenizavam a sensação térmica, hoje tem-se um aumento do período de calor. Ou seja, o B R O Bró está chegando mais cedo.
Estudo publicado pelo Cesu – Centro de Eficiência em Sustentabilidade Urbana da UFPI afirma que “além de aumentar as temperaturas em Teresina, as mudanças climáticas exacerbam fenômenos climáticos extremos. No município isso representa tempestades mais intensas e aumento da duração da estação chuvosa. Segue-se que as frequentes enchentes fluviais, pluviais e repentinas que acontecem em Teresina tendem a se tornar mais frequentes e graves, com impacto na oferta de infraestrutura e serviços, representando perdas econômicas para o município e agravando a exposição ao risco de famílias em situação de vulnerabilidade (CRGP, 2021).”
Ainda de acordo com esse estudo, “quando se trata da crise climática, a situação de Teresina é de risco a extremo risco, de acordo com dados do Índice de Vulnerabilidade do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF, 2014). Teresina apresenta valores que performam abaixo da média nacional, para as variáveis “vulnerabilidade à mudança climática”4, “exposição”5, “sensibilidade”6 e “capacidade adaptativa”7. Teresina apresenta, portanto, alta vulnerabilidade à mudança climática, extrema exposição, alta sensibilidade e baixo risco com relação à capacidade adaptativa (que apresenta resultados apenas em nível nacional) (CAF, 2014 apud TERESINA, 2018c). É importante reconhecer que a mudança climática impacta nos territórios dentro da cidade de forma diferente, expondo populações vulneráveis a um risco maior de sofrerem com efeitos mais severos. Nesse caso, o índice reflete uma média da realidade local, mas não evidencia os pontos de maior fragilidade.”
De acordo com o Relatório de Vulnerabilidade Climática do Piauí, publicado em 2019, Teresina apresenta riscos decorrentes de secas prolongadas, enchentes, deslizamentos de terra e aumento da temperatura, que afetam a qualidade de vida da população e a economia local. A cidade já sofreu com eventos climáticos extremos, como as enchentes ocorridas em 2019 e 2020, que resultaram em prejuízos para as famílias e para o comércio local.
Em consonância com os ODS, a Prefeitura também tem adotado medidas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas, como a elaboração do Plano de Ação Climática e a Análise de Risco Climático, objeto deste produto, visando minimizar os impactos climáticos sobre a cidade e a população. A avaliação de risco climático inclui a avaliação da exposição, das ameaças climáticas e das vulnerabilidades das cidades ao longo do tempo.
Fonte: Semplan