Agências temem piora da insegurança após confirmação de fome em área sudanesa
Continuam reações da ONU à declaração de fome na área de ZamZam no Sudão. O anúncio desta semana foi o terceiro feito em 20 anos pelo Comitê de Revisão da Fome para a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar, IPC.
A primeira confirmação da crise em sete anos segue-se a mais de 15 meses de guerra entre o Exército do Sudão e paramilitares das Forças de Apoio Rápido, RSF. Outro fator associado é a série de limitações na ajuda humanitária no Sudão.
Ondas de calor e inundações mortais
As Nações Unidas estimam que mais da metade da população sudanesa, ou 25,6 milhões de pessoas, enfrentam fome aguda. O nível de carência alimentar alcançado por pelo menos 775 mil habitantes é considerado “catastrófico”.
Para a diretora regional da Organização Mundial da Saúde, OMS, a situação no Sudão aliada a ataques militares e aos assassinatos ocorrendo em vários países ameaça ainda mais a segurança.
Hanan Balkhy apontou fatores adicionais como as consequências das ondas de calor e inundações que provocaram mortes como estando a refletir novamente o crescente impacto das mudanças climáticas.
Balkhy realça que a insegurança alimentar “pinta o quadro mais angustiante” e que a análise recente demonstra que “a violência contínua empurrou partes de Darfur do Norte, notavelmente o acampamento de Zamzam, para a fome.”
Suprimentos essenciais em Porto Sudão
Já a vice representante da OMS no Sudão disse que quase 11 milhões de sudaneses são deslocados internos.
Para Hala Khudari, os efeitos desta situação para mulheres e crianças são de longo prazo, incluindo na forma como elas têm acesso a serviços e vacinas, bem como na disponibilidade de medicamentos para doenças crônicas.
Na terça-feira, a diretora de Operações e Advocacia do Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, apresentou um informe no Conselho de Segurança revelando que suprimentos essenciais na cidade de Porto Sudão estão prontos para serem carregados e despachados para Zamzam.
Edem Wosornu afirmou que os artigos incluem medicamentos essenciais, artigos nutricionais, comprimidos para a purificação de água e sabão. Ela considera “crucial que as aprovações e garantias de segurança necessárias não sejam atrasadas”.
Operações em todo o país
Em declarações ao Conselho, o vice-diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos, PMA, Stephen Omollo, anunciou que a agência está aumentando de forma significativa as operações em todo o país.
A grande prioridade é alcançar pessoas que enfrentam níveis de emergência e catastróficos de fome, juntamente com os deslocados internos.
Nas duas apresentações ao Conselho, os altos funcionários reiteraram que o conflito deve parar, e que “um cessar-fogo continua sendo a única solução sustentável que impedirá a disseminação da fome”.
Fonte: ONU News – Imagem: Unmiss/Nektarios Markogiannis