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África do Sul vai às urnas: os desafios e a memória nos 30 anos da eleição de Mandela

No próximo dia 29 de maio, a África do Sul realiza as eleições mais imprevisíveis da era pós-apartheid. Todas as disputas eleitorais desde 1994 foram vencidas pelo partido Congresso Nacional Africano (CNA), que conseguiu manter a maioria do parlamento. Mas o desemprego e o aumento da pobreza, principalmente entre a juventude, fomentam a dúvida sobre a continuidade do grupo no poder.

“As realidades econômicas materiais, onde seus avós moravam, se você é uma pessoa negra e pobre, é provavelmente onde você está morando hoje. E onde seus avós moravam, como uma pessoa branca e rica, é provavelmente onde você ainda mora hoje. E isso é, de muitas maneiras, a razão pela qual há uma visão de que 1994 foi um primeiro passo, e um passo importante. Mas o segundo passo ainda precisa ser dado. 74% dos jovens estão desempregados na África do Sul. E, de novo, porque não mudamos realmente a estrutura econômica do apartheid. Isso é um fenômeno racial”, finaliza o pesquisador Jonis Ghedi Alasow.

Com direção de Iolanda Depizzol e Pedro Stropasolas, a produção do Brasil de Fato também denuncia que o Dia da Liberdade e o fim do regime de segregação racial não significaram a conquista da igualdade entre a maioria negra e a minoria branca do país. É o que coloca em seu depoimento Irvin Jim, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Metalúrgicos da África do Sul (Numsa).

“Aprendemos rapidamente que o que garantimos através disso era poder político, sem poder econômico. E ficou muito claro que o que tivemos foi um acordo negociado, onde basicamente a classe dominante na sociedade, que é a classe capitalista, que detém o complexo mineral, energético e financeiro, que constitui a economia da África do Sul, não estava preparada para, basicamente, retificar a propriedade de negros e africanos que são economicamente marginalizados, sem-terra e despossuídos”, pontua o líder da maior entidade de classe do país.

Confira o documentário:

Fonte: BdF/Edição: Nicolau Soares/Imagem: AFP

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