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Afegãos duvidam da morte de líder da Al-Qaeda anunciada pelos EUA

Morto em sua varanda em plena Cabul por um ataque de drone, os afegãos duvidavam, nesta terça-feira (2), do anúncio da morte do líder da Al-Qaeda, Ayman Al Zawahiri, escondido por meses entre eles no coração da capital afegã.

“Não acho que seja verdade. É apenas propaganda”, diz Fahim Shah, de 66 anos, morador de Cabul.

A morte de Al Zawahiri, por quem os Estados Unidos prometeram US$ 25 milhões por qualquer informação que levasse à sua captura, foi anunciada na televisão pelo presidente americano, Joe Biden, na segunda-feira (1º).

Na manhã de domingo, horário afegão, “sob minhas ordens, os Estados Unidos realizaram um ataque aéreo em Cabul, no Afeganistão, que matou o líder da Al-Qaeda”, destacou em um breve discurso da Casa Branca.

Foi um ataque com drones, com dois mísseis, sem presença militar no solo, ou qualquer outra vítima além de Al-Zawahiri, e sem causar danos significativos, segundo uma autoridade dos EUA.

“Já vimos propaganda como essa no passado, e não era verdade. Não acho que ele tenha sido morto aqui”, acrescenta Fahim Shah, ouvido pela AFP.

Abdul Kabir, outro morador de Cabul, ouviu a explosão causada pelo ataque no domingo, pouco depois das 6h15. Mas, cético, pede aos Estados Unidos que apresentem evidências para apoiar sua afirmação de que foi Zawahiri quem foi morto.

“Eles deveriam mostrar ao mundo que mataram esse homem e apresentar provas”, afirma.

Ataque aéreo

“Eles poderiam ter matado outra pessoa e anunciado que era o chefe da Al-Qaeda. Há muitos outros lugares onde ele poderia se esconder, no Paquistão, ou mesmo no Iraque”, sugere.

De acordo com os americanos, Ayman Al-Zawahiri morava em uma casa de três andares em Sherpur, um bairro nobre no centro da capital afegã. Várias casas da vizinhança são ocupadas por altos funcionários e comandantes do Talibã.

Ele foi morto enquanto estava em sua varanda, onde foi visto em várias ocasiões e por muito tempo.

No domingo (31), o ministro afegão do Interior, Sirajuddin Haqqani, negou relatos de um ataque de drone em Cabul, dizendo à AFP que um foguete atingiu “uma casa vazia” na capital.

Mas, na terça-feira, o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, tuitou que um “ataque aéreo” foi realizado com a ajuda de “drones americanos”.

Mohamad Bilal, um estudante, também acha improvável que o líder da Al-Qaeda vivesse em Cabul.

“É um grupo terrorista e não acho que enviaram seu líder para o Afeganistão”, explica.

“Os chefes da maioria dos grupos terroristas, incluindo os talibãs, viviam no Paquistão, ou nos Emirados Árabes Unidos, quando estavam em conflito com as antigas forças afegãs”, lembra ele.

Para Freshta, uma dona de casa que acredita na morte do chefe da Al-Qaeda, “saber que ele morava aqui” em Cabul é “chocante”, diz, recusando-se a dar seu sobrenome.

Crítico do governo talibã, um comerciante do centro da capital, que também não quis ser identificado, considera que a porosidade das fronteiras afegãs facilita a entrada de grupos armados.

“Não temos governo. Somos incapazes de nos proteger, de proteger nosso solo e nossas propriedades”, disse.

Fonte: AFP

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