Banco Mundial propõe novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia Legal brasileira
Um Relatório do Banco Mundial propõe um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia Legal brasileira.
Para isso, o documento recomenda um foco na produtividade urbana e rural, além da proteção florestal. A mudança elevaria os padrões de vida e ajudaria a conservar a riqueza das florestas naturais da região.
Nove estados e 60% da Floresta
A Amazônia Legal envolve nove estados brasileiros, que concentram cerca de 60% da Floresta Amazônica e partes de outros biomas, como o Cerrado e o Pantanal.
Nesses estados, vivem 28 milhões de brasileiros. Mais de três quartos moram em cidades, grandes ou pequenas.
Do total da população, mais de um terço é pobre. A maioria da população vulnerável está em áreas urbanas, embora a pobreza rural seja igualmente grave.
Os estados da Amazônia Legal também abrigam 380 mil indígenas, a maior parcela entre todas as regiões brasileiras. Para eles, as condições de vida são ainda piores que as do resto da população.
Desmatamento e 1 milhão de campos de futebol
A região também vem sofrendo com o desmatamento, que voltou a aumentar na última década.
Só em 2022, foi perdida uma área florestal superior a 1 milhão e meio de campos de futebol.
O relatório alerta que, a cada dia, se está mais perto de um ponto sem volta, que destruiria a Floresta Amazônica de modo permanente.
Estima-se que o valor anual da Floresta Amazônica em pé equivalha a, pelo menos, US$ 317 bilhões. A Amazônia regula o clima global; abriga 25% da biodiversidade terrestre conhecida; é a fonte de “rios voadores” essenciais para a agricultura e a energia hidrelétrica da América do Sul; e fornece meios de subsistência para muitas populações rurais.
Já a exploração predatória da floresta rende entre US$ 42 bilhões e US$ 98 bilhões por ano, muito menos do que o valor da floresta em pé. É um modelo que destrói riquezas naturais sem impulsionar a economia.
Economias conectadas
Políticas públicas, governança e incentivos econômicos eficazes são fundamentais para voltar a proteger a Amazônia Legal. O estudo recomenda fomentar um maior crescimento da produtividade, tanto nos estados amazônicos quanto no resto do Brasil, já que as economias estão conectadas. Como a maior parte da população amazônica vive nas cidades, é necessário equilibrar produtividade urbana e rural.
Isso inclui impulsionar setores não ligados a commodities, como indústria e serviços. Dessa forma, será possível revigorar o progresso econômico, promover a redução da pobreza e garantir que o modelo de desenvolvimento não se baseie apenas na expansão da fronteira agrícola e na extração de recursos naturais.
Reformas em todo o país
Ainda segundo o relatório, o aumento da produtividade requer uma série de reformas em nível federal e nos estados e municípios. Por exemplo, a remoção de distorções nos mercados de bens e serviços e de fatores de produção, inclusive terra. Além disso, a promoção de capital humano, infraestrutura e logística sustentáveis.
Nos estados da Amazônia Legal, é necessário fortalecer a governança territorial, com a implementação do Código Florestal e intervenções efetivas de comando e controle, uma vez que a maior parte do desmatamento é ilegal.
Finalmente, o financiamento para a conservação pode desempenhar um papel crucial na promoção de um novo modelo de desenvolvimento para os estados da Amazônia Legal brasileira.
Apresentação: Mariana Ceratti, do Banco Mundial Brasil
Fonte: ONU News – Foto: Antônio Cruz