Insegurança no Haiti piora com aumento da criminalidade e grupos armados
A violência de gangues e grupos armados no Haiti está ocorrendo em níveis alarmantes em áreas antes consideradas seguras na capital, Porto Príncipe. A situação, sem precedentes, está se deteriorando e polícia do país não tem como controlar a criminalidade. O alerta foi feito pela nova representante do secretário-geral da ONU no Haiti, María Isabel Salvador, durante uma reunião com o Conselho de Segurança, na quarta-feira.
Quase 40 mil casos suspeitos de cólera
Ela afirmou que o tempo é fundamental para que os haitianos possam enfrentar o círculo vicioso da violência e da crise política, econômica e social. “Nesse momento, o país precisa da atenção urgente do Conselho e da comunidade internacional”.
Quase metade da população, ou 5,2 milhões de pessoas, precisam de ajuda humanitária para sobreviver em meio a uma epidemia de cólera que já levou a quase 40 mil casos suspeitos desde outubro.
Segundo Salvador, se nada for feito, a crise pode se espalhar para outras áreas da região. Após iniciar no posto este mês, ela passou a primeira semana em encontros com representantes da sociedade civil, especialmente mulheres, autoridades e altos funcionários do governo.
Diálogo será difícil
María Isabel Salvador acredita que existe um caminho para o diálogo e para a restauração das instituições democráticas. Mas o consenso é de que será difícil avançar sem enfrentar primeiro a insegurança.
Ao circular pelas ruas do país, ela disse ter sentido a tensão e compreendido o medo que os haitianos sentem todos os dias. Em áreas dominadas pelos bandidos, existem casos de mulheres e meninas sendo violentadas sexualmente.
Somente no primeiro trimestre do ano, ocorreram 1.647 crimes incluindo homicídios, estupros, sequestros e linchamentos. Este número é mais que o dobro dos crimes registrados no mesmo período do ano passado.
A representante especial da ONU disse que a polícia haitiana não está equipada para enfrentar a criminalidade. Muitos haitianos estão fazendo justiça com as próprias mãos. Esta semana, 13 suspeitos de fazerem parte de gangues criminosas foram espancados e queimados até a morte por moradores no Haiti.
Fonte: ONU News – Foto: © Unicef/U.S. CDC/Roger LeMoyne