Novo Censo Demográfico brasileiro deve apresentar dados mais precisos, permitindo análises mais aprofundadas. Foi o que afirmou a diretora adjunta do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Ibge.
Maria Lucia França Pontes Vieira esteve na sede da ONU em Nova Iorque na última semana para a Comissão Estatística das Nações Unidas. O evento reuniu representantes de 24 membros para debater a modernização na recolha de dados.
Novo Censo brasileiro
No Brasil, o último censo foi divulgado em 2010. A atualização estava programada para acontecer em 2020, mas sofreu atrasos por conta da pandemia de Covid-19 e de cortes orçamentários.
Segundo a representante do Ibge, além desses fatores, outros pontos dificultaram o avanço do trabalho o órgão.
“Então, o censo normalmente é programado para ser coletado em três, quatro meses. Esse ano, a gente teve um pouco mais de dificuldade na contratação de pessoas para fazer o levantamento, um pouco mais de dificuldade em entrar em determinados em determinados locais e recusas em condomínios de alto luxo. A gente se deparou com uma realidade um pouquinho diferente de outros tempos. Ainda teve eleição, teve Copa… uma série de fatores que acabaram atrasando um pouco. Mas em termos de cobertura e de qualidade de dado, esse vai ser um censo que a gente vai conseguir mostrar uma cobertura maior. E quanto maior a cobertura, mais, mas mais perto da realidade.”
A coleta de dados para o próximo Censo foi finalizada no final de fevereiro. De acordo com Maria Lucia França Pontes Vieira, o primeiro dado a ser divulgado será o de população total, previsto para 28 de abril.
Ela explicou que com o emprego de tecnologia e metodologias para garantir a melhor abordagem, o Ibge acredita que terá informações detalhadas sobre a população brasileira publicada no decorrer deste ano.
Qualidade de dados
O diretor de Geociências do Ibge e copresidente do Grupo de Ações e Especialistas das Nações Unidas de Integração de Informações Estatísticas e Geoespaciais, Cláudio Stenner, explicou que o órgão vem trabalhando para integrar a informação espacial e estatística.
Segundo ele, isso significa que os dados operação estatística, a verificação da cobertura e a divulgação das informações ganham mais qualidade. Isso porque, permite avaliar detalhes que garantem a cobertura mesmo em áreas remotas do país.
“O Ibge se beneficia justamente por ter tanto a geografia quanto a estatística no mesmo instituto. A gente produz também estatísticas a partir de sensoriamento remoto, como, por exemplo, o monitoramento da cobertura e o uso da terra do país. Essa integração garante que, quando necessário, o agente do Ibge chegue a qualquer parte do território, porque a gente tem tudo mapeado previamente. Então, isso garante que no Censo, onde é necessário visitar os domicílios, esse trabalho de mapeamento prévio ele garante que eu vou ter um recenseador naquela casa que está isolada ribeirinha na Amazônia”
Refugiados e indígenas
Sobre a questão de comunidades isoladas, Roberto Kern Gomes, superintendente do Ibge no estado de Santa Catarina, explicou como se dá a integração de dados estatísticos destacando que eles foram chave para os resgates em São Sebastião, na costa do estado de São Paulo, após fortes chuvas que atingiram a região.
“Um dos temas aqui do evento é justamente a integração entre dados estatísticos e georreferenciais e o IBGE conseguiu auxiliar justamente a Defesa Civil do estado de São Paulo para tentar encontrar as pessoas que estavam soterradas. Porque hoje, por meio do Censo, a gente tem justamente a captação das coordenadas geográficas de cada uma das dos mais de 80 milhões de domicílios no país”
Ele ainda revelou que o novo censo terá informações detalhadas sobre os Yanomami, graças ao uso dessas tecnologias e da integração estatística e geográfica.
Fonte: ONU News – Foto: ACNUR/Benjamin Mast