Discurso de Biden envolve protocolo de segurança adotado desde a guerra fria
CNN/Diego Pavão – O Estado da União é o discurso mais tradicional da presidência americana. Está escrito na Constituição que o presidente deve informar o Congresso de “tempos em tempos” sobre como anda o país. Não há menção sobre a periodicidade sobre o pronunciamento.
Ao longo das décadas, convencionou-se que o presidente discursaria anualmente.
Além de ser um momento importante para o presidente defender sua agenda e ressaltar conquistas, o Estado da União envolve uma situação atípica para a segurança e a continuidade de governo da maior potência mundial. Todo o gabinete presidencial, que forma a linha sucessória, participa do evento. Exceto por uma pessoa.
Desde os tempos da guerra fria, com o temor de que um ataque em larga escala dizimasse o governo americano, ficou determinado que um membro do gabinete assistiria o discurso fora do Congresso, em uma localização segura, não divulgada por motivos de segurança.
Trata-se do “designated survivor” ou “sobrevivente designado”, em tradução livre. O protocolo já foi tema de série de ação da Netflix, mas é real e se repetirá na noite de hoje.
A lógica é simples: no eventual (porém, pouco provável) caso de um ataque matar todos dentro do capitólio durante o discurso, o “sobrevivente designado” se tornaria o presidente automaticamente garantindo, assim, a continuidade de governo e a segurança nacional.
Ele ou ela assumiria a Casa Branca em um momento de crise, luto e instabilidade após o ataque.
Apesar de todo o sigilo, a Casa Branca sempre divulga, pouco antes do discurso, quem é o escolhido daquela noite. O entendimento é de que a população americana merece saber quem comandaria a nação em um momento catastrófico.
A pessoa é escolhida pelo chefe de gabinete do presidente. Geralmente, não é alguém do alto escalão do governo, como um secretário de Estado ou do Tesouro.
Mesmo assim, é um funcionário que está linha sucessória e apto a assumir a presidência em caso de morte ou incapacidade de todos os outros acima dele.
O protocolo, que sugere um cenário pouco provável de catástrofe nacional, reflete grande parte da preocupação extrema com a segurança nacional e está entre os tantos detalhes sigilosos que cercam a presidência americana, como o bunker abaixo da Casa Branca ou a famosa “mala nuclear” que segue o presidente.
Fonte: CNN Internacional/Imagem: Saul Loeb/Pool via REUTERS