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Premiê do Japão demite assessor por comentários homofóbicos

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, demitiu neste sábado (04/02) um assessor sênior por fazer comentários homofóbicos.

Masayoshi Arai, secretário do gabinete do primeiro-ministro, disse na sexta-feira que “nem quer olhar” para casais do mesmo sexo. Ele acrescentou que “nem gostaria se eles morassem ao lado”, noticiou a emissora pública NHK.

Kishida repreendeu os comentários e os chamou de “ultrajantes e completamente incompatíveis com as políticas do governo”.

No mesmo dia, Arai pediu desculpas, afirmando que as falas tinham sido inapropriadas, mesmo que fossem sua opinião pessoal.

Desconforto antes da cúpula do G7

Os comentários de Arai são um embaraço para Kishida, que se prepara para receber os líderes do G7 em maio – o país, é o único do grupo a não reconhecer a união entre pessoas do mesmo sexo. 

No sábado, Kishida disse a repórteres que o Japão está “visando uma sociedade inclusiva, que reconheça a diversidade”.

A constituição japonesa diz que “o casamento deve ser baseado apenas no consentimento mútuo de ambos os sexos” e “com direitos iguais de marido e mulher”.

Atualmente, os casais do mesmo sexo no Japão não podem herdar os bens um do outro e não têm direitos parentais. 

O movimento em direção à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo tem crescido no Japão, e os comentários de Aria provocaram protestos.

Em uma pesquisa realizada pela NHK em julho de 2021, dois meses antes de Kishida se tornar primeiro-ministro, 57% dos 1.508 entrevistados apoiavam o reconhecimento legal da união entre pessoas do mesmo sexo.

Em novembro de 2022, um tribunal de Tóquio confirmou a proibição do casamento homossexual. No entanto, também apontou que a falta de uma legislação sobre o assunto violava os direitos humanos.

Queda nos índices de aprovação

A demissão de Arai marca outro golpe para o governo de Kishida, que enfrenta índices de aprovação em queda desde o ano passado.

De acordo com pesquisas recentes, o apoio público caiu pela metade, para cerca de 30%, após uma série de demissões de altos funcionários.

Nos últimos três meses, quatro ministros renunciaram por alegações de irregularidades financeiras ou ligações com a controversa igreja da unificação.

Em 2022, o ministro da Justiça deixou o cargo depois de fazer piadas sobre pena de morte e assuntos internos. Também no ano passado, o vice-ministro das Comunicações renunciou por causa de comentários sobre pessoas LGBTQ e a comunidade indígena Ainu do Japão.

Em 2021, Yoshiro Mori, então chefe do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, renunciou após fazer comentários sexistas, ao afirmar que “mulheres falam demais”.

Fonte: DW – le (Reuters, AFP, AP)/Foto: Kyodo/AP/picture alliance

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