O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, discursou no Lide Brazil Conference, em Nova York, nesta segunda-feira (14). Sobre o combate à desinformação, Moraes afirmou que o legislativo terá “papel importantíssimo e necessário” e que a democracia brasileira está sendo corroída pela desinformação.
“Não é possível que nós não tenhamos consciência que a desinformação, o discurso de ódio, discursos preconceituosos, discursos agressivos nas redes sociais vêm corroendo a nossa democracia”, afirmou o ministro.
Entre os dias 14 e 15 de novembro, o evento acontece em Nova York e reúne mais de 260 empresários políticos, como o ex-presidente da República Michel Temer, a quem Moraes elogiou dizendo que “o tempo da presidência de vossa excelência [Temer] foi pouco, o Brasil merecia mais”.
Regulamentação das redes sociais
Em analogia às empresas privadas, Alexandre de Moraes afirmou que “nenhuma delas resistiria a campanhas de desinformação e ataques como houve e vêm ocorrendo em relação ao poder Judiciário”.
“Não resistiriam porque não há uma regulamentação em relação às redes sociais e isso é um problema mundial.”
O ministro citou a União Europeia e países como Austrália e EUA, onde uma regulamentação já está em curso ou está sendo elaborada. “Não é possível que as milícias digitais possam atacar impunemente sem que haja uma responsabilização dentro do binômio tradicioncional histórico da liberdade de expressão, que é a liberdade com responsabilidade”, afirmou Moraes.
“Essas redes sociais, essas pessoas, supostamente pertencem à imprensa acabam se misturando com a imprensa séria, tradicional; só que a imprensa tradicional tem responsabilidade, pode eventualmente ser responsabilizada e por isso ela tem respeitabilidade. No momento em que essas pessoas, esses supostos jornalistas, influencers, se misturam com a imprensa tradicional, hoje grande parte da população não sabe mais o que é noticia verdadeira e o que é fraudulenta, isso vai corroendo a própria imprensa tradicional”, salientou.
Dias Toffoli elogia atuação de Ricardo Lewandowski na compra de vacinas
Dias Toffoli, ministro do STF, defendeu a importância da ciência durante o período de pandemia de Covid-19 e as informações veiculadas “via a imprensa séria e correta do que o povo deveria fazer”, colocando limites e dando “determinações daquilo que a ciência atestava com seguro, certo e correto”.
O ministro relembrou a falta de compra de vacinas contra o coronavírus e elogiou o também ministro do STF Ricardo Lewandowski. “Quem deu a decisão para que se comprasse as vacinas foi o STF na caneta, na pena, do ministro Lewandowsvki”, afirmou Toffoli.
Criticando a postura negacionista de pessoas “autoproclamadas conservadores”, Toffoli defendeu que é preciso “trabalhar a defesa da verdade factual”.
“Pessoas autoproclamadas conservadoras invadem o capitólio, morrem pessoas; existe algo menos conservador do que invadir um congresso? Autoproclamados [conservadores] no Brasil fecham as estradas, interrompendo o direito de ir e vir, existe algo mais anticonservador? As cosias estão fora de lugar e, nesses momentos, nós temos que reconhecer que o poder Judiciário foi fundamental nesses momentos em que era necessário colocar os conceitos nos seus lugares, colocar a verdade factual nos seus lugares.”
Roberto Barroso faz uma “lista de consensos”
“É preciso construir denominadores comuns para que as pessoas que pensam de maneira diferente possam concordar em relação àqueles pontos”, disse o ministro do STF Luís Roberto Barroso.
O combate à pobreza e à fome, desenvolvimento sustentável e educação básica fazem parte do que Barroso colocou como prioridade política.
“Um país que tem gente passando fome precisa parar tudo e ir cuidar disso.”
“Em segundo lugar, nós precisamos de desenvolvimento sustentável; sem crescimento económico não há o que distribuir e sem sustentabilidade não há futuro. E em terceiro lugar, prioridade máxima absoluta para a educação básica, foi isso que nos atrasou na história e nós temos que investir nisso”, disse o ministro.
“Os problemas da educação no Brasil são a não alfabetização da criança na idade certa, evasão escolar no ensino médio, déficit de aprendizado e baixa atratividade da carreira do magistério. Quem acha que o problema da educação do Brasil é escola sem partido, identidade de gênero ou saber se 64 foi ou não foi golpe, tá assustado com a assombração errada e está nos atrasando na história”, completou.
Fonte: CNN Brasil