Protestos contra guerra têm mais de 740 presos na Rússia
(Deutsche Welle) – Mais de 744 pessoas foram presas neste sábado (24/09) na Rússia no segundo dia de protestos contra a mobilização decretada na quarta-feira pelo presidente russo, Vladimir Putin, com o objetivo de reverter os reveses militares na Ucrânia.
Segundo o grupo OVD-Info, organização especializada no monitoramento de detenções, as prisões foram realizadas em 32 cidades em todo o país. Quase metade das detenções, (371) foram registradas na capital. Em São Petersburgo, a segunda maior cidade do país, foram 128 detenções. Segundo a mídia local, a polícia usou cassetetes e armas de choque contra os manifestantes.
No primeiro dia de protestos contra a convocação de reservistas, nesta quinta-feira, um dia depois do anúncio da mobilização pelo chefe do Kremlin, cerca de 1.400 pessoas foram presas em cerca de 40 cidades em todo o país.
Em Moscou, onde não parou de chover o dia todo, as autoridades implantaram um imponente dispositivo policial para impedir os protestos, convocados pelo movimento juvenil de oposição Vesná (Primavera).
A tropa de choque já estava estacionada na saída da estação de metrô Chistye Prudy, perto da praça do monumento ao escritor e diplomata russo Alexandr Griboyedov, designado como ponto de encontro dos manifestantes. Pelo menos uma dúzia de vans da polícia estavam estacionadas ao longo da avenida esperando pelos detidos. “Neste local foi acionada uma ação não autorizada. Circule”, repetiam de tempos em tempos os alto-falantes da polícia.
Detenções indiscriminadas
Vários pedestres que passaram pelo monumento foram imediatamente presos, segundo como a agência de notícias Efe. “Por que você está me levando? Estou indo para a estação do metrô”, dizia uma jovem aos policiais que a escoltavam até uma van, e a única resposta que obteve foi: “Vamos, senão vai ser pior!”
Segundo o ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu, um total de 300 mil reservistas devem ser convocados como parte da chamada “mobilização parcial”. No entanto, o decreto de mobilização presidencial conteria um ponto secreto, que segundo alguns meios de comunicação prevê a convocação de um milhão de homens. A informação foi categoricamente negada pelo governo.
Demissão do vice-ministro da Defesa
Exatamente sete meses após o início da guerra, o vice-ministro da Defesa russo, Dmitri Bulgakov, foi destituído do cargo. Oficialmente, o ministério justificou a mudança como uma transferência do político para um outro cargo.
O sucessor de Bulgakov é o coronel-general Mikhail Mizintsev, que anteriormente chefiava o centro nacional de gestão da defesa. No futuro, ele será responsável, em particular, pela logística do Exército.
Também conhecido como o “açougueiro de Mariupol”, Misintsev foi responsável pelos pesados ataques ao porto de Mariupol, no sul da Ucrânia, que os russos capturaram no final de maio. De acordo com fontes ucranianas, milhares de civis foram mortos, e grande parte da cidade foi destruída durante o cerco de uma semana.
Após derrotas recentes, a liderança militar da Rússia em torno do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, foi recentemente criticada, inclusive em círculos próximos ao Kremlin. Sob pressão das contraofensivas ucranianas, as forças russas tiveram que se retirar da região de Kharkiv, no nordeste ucraniano, cerca de duas semanas atrás.
Penas mais duras para desertores
Também neste sábado, Moscou endureceu as penas para quem se recusar a lutar, desertar ou se render ao inimigo. Pelas novas regras, quem voluntariamente se entregar aos inimigos podem esperar até 10 anos de prisão, de acordo com emendas aprovadas pelo Parlamento e pelo Conselho da Federação esta semana e que entraram em vigor com a assinatura de Putin.
De acordo com as emendas, os russos em idade militar obrigatória ou reservistas podem pegar até 10 anos de prisão se se recusarem a participar de operações de combate, segundo o Kremlin. Putin também assinou uma lei que acelera a naturalização de estrangeiros se eles se comprometerem a combater.
md (EFE, DPA, AFP) – Imagem: Reuters