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Sob ordens do Talibã, apresentadoras de TV do Afeganistão cobrem o rosto para ir ao ar

Apresentadoras de diferentes canais de TV do Afeganistão começaram neste domingo (22) a cobrir o rosto para ir ao ar, obedecendo às ordens do regime do Talibã.

Desde que retomaram o poder no país asiático em agosto após a retirada das tropas americanas, os talibãs impuseram uma série de restrições à sociedade civil, muitas delas direcionadas a mulheres.

No início do mês, o chefe supremo do Talibã emitiu uma ordem para que as mulheres se cobrissem por inteiro para sair em público, idealmente vestindo a tradicional burca. Até então, panos que cobrissem o cabelo já bastavam.

O Ministério da Promoção da Virtude e da Prevenção do Vício recorreu a ameaças para garantir que as apresentadoras de TV do país passassem a cobrir o rosto a partir deste domingo. Até a véspera, as profissionais de imprensa seguiam expondo o rosto.

Neste domingo, apresentadoras dos canais Tolo News, Ariana Television, Shamshad TV e 1TV adotaram a vestimenta, deixando apenas seus olhos expostos.

“Nós resistimos, somos contra o uso [do véu completo]”, disse à agência de notícias AFP Sonia Niazi, apresentadora da Tolo News. “Mas a Tolo News sofreu pressões, [os talibãs] disseram que qualquer apresentadora que aparecesse na tela sem cobrir o rosto deveria ser deslocada para outra função”.

O diretor da Tolo News, Khpolwak Sapai, disse à AFP que o canal havia sido obrigado a reforçar a ordem a suas profissionais. “Ontem me telefonaram e me disseram em termos estritos que o fizéssemos. Portanto, não o fazemos por escolha própria, fomos obrigados”.

O porta-voz do Ministério da Promoção da Virtude e da Prevenção do Vício, Mohamad Sadeq Akif Mohajir, afirmou que as autoridades não tinham a intenção de obrigar as apresentadoras a deixar seu emprego. “Estamos felizes que os canais exerceram corretamente a sua responsabilidade”, disse à AFP.

Funcionárias públicas que desrespeitarem a ordem de cobrir o rosto correm o risco de serem demitidas.

Antes das ordens de vestimenta, o Talibã já havia proibido as afegãs de viajarem desacompanhadas e imposto a separação de meninas e meninos nas escolas.

Assim, o grupo radical vai restabelecendo as restrições que vigoravam durante o primeiro período em que o grupo esteve no poder no Afeganistão, entre 1996 e 2001.

Fonte: Folha de São Paulo

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