O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) reafirmou diversas vezes nesta sexta (8), durante um evento em Washington, ainda ter interesse em disputar a Presidência do Brasil, mesmo após seu próprio partido ter descartado a ideia, alguns dias atrás.
“Eu não posso ir para um novo partido e dizer ‘oh, sou o candidato presidencial’. Mas meu nome está disponível para esta posição ou outra que eles entendam que possamos trabalhar. Mas já disse que não serei candidato a deputado federal”, afirmou Moro, em entrevista ao Atlantic Council, centro de pesquisas baseado na capital dos EUA.
“Meu nome segue disponível na mesa. É claro, isso depende da decisão do presidente do partido, Luciano Bivar. Eu disse desde o começo que nunca desistiria da eleição presidencial. Isso [mudar de partido] foi apenas dar um passo atrás, que eu senti ser necessário para ter a possibilidade de vencer”, disse o ex-juiz.
“Entendi que eu preciso de um partido mais forte para vencer a polarização.”
Na semana passada, Moro migrou do Podemos para a União Brasil, resultado da fusão de PSL e DEM.
Inicialmente, o ex-juiz disse que havia desistido da candidatura presidencial, mas logo depois recuou. Isso fez com que a ala da União Brasil chefiada por ACM Neto ameaçasse pedir a impugnação da filiação de Moro, por não quererem que ele seja o candidato do partido ao Planalto.
No sábado (2), a direção do partido divulgou uma nota na qual ressaltou que Moro deveria se concentrar em São Paulo.
“Sua filiação ao União Brasil tem como objetivo a construção de um projeto político-partidário no estado de São Paulo e facilitar a construção do centro democrático, bem como o fortalecimento do propósito de continuarmos crescendo em todo país”, disse o comunicado. A ideia de cancelar a filiação foi descartada.
A União Brasil, junto a outros partidos como PSDB e Cidadania, anunciaram que planejam se unir em torno de um único candidato a presidente, e que a decisão deverá ser anunciada em 18 de maio.
Nesta sexta, ao defender a união de partidos de centro, o ex-juiz mais uma vez se colocou como opção.
“Estou jogando o jogo, e ainda estou no jogo. Entendo a necessidade de ter candidatos únicos ao centro. A questão principal é: os partidos de centro realmente querem ter candidatos competitivos para competir contra os extremos?”, questionou.
Pesquisa Datafolha, divulgada em 24 de março, mostrou Lula com 43% das intenções de voto, contra 26% de Bolsonaro, 8% de Moro, 6% de Ciro Gomes (PDT), 2% de Doria e 1% de Simone Tebet (MDB).
Moro chegou aos EUA na quinta (7), dia em que teve um encontro com Luís Almagro, secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), também em Washington.
Neste sábado (9), o ex-juiz irá a Boston participar da Brazil Conference. O evento, organizado por estudantes de Harvard e do MIT, reunirá vários nomes da política brasileira.
Já o Atlantic Council realiza uma série de conversas com pré-candidatos à Presidência do Brasil. Em fevereiro, recebeu Eduardo Leite. Ciro Gomes conversará com o instituto na segunda (10).