Partidos nacionalistas europeus de extrema-direita se reúnem em Varsóvia para criar aliança
Os líderes dos partidos de extrema-direita e das formações nacionalistas europeias reúnem-se hoje na capital polonesa, Varsóvia, com o objetivo de criar uma aliança para se tornar o segundo maior grupo do Parlamento Europeu.
As negociações no hotel Regent de Varsóvia reúnem 14 partidos tendo como anfitrião Jaroslaw Kaczynski, o líder da formação governante da Polônia, o grupo populista de extrema-direita Lei e Justiça (PiS).
Participam políticos como o espanhol Santiago Abascal, que preside o partido Vox, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, e a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen.
Le Pen – que é candidato às eleições presidenciais da França em abril – disse a repórteres que a reunião é “um passo importante”, mas que um anúncio iminente não é esperado.
“Podemos esperar o lançamento desta força política nos próximos meses”, acrescentou.
Do lado de fora do hotel, uma dúzia de ativistas protestava gritando slogans como “Não ao fascismo”.
Na reunião, é notável a ausência do italiano Matteo Salvini, líder do partido Liga, que emitiu um comunicado afirmando ser necessário encontrar “o momento certo” para este novo grupo.
Salvini foi um dos signatários de uma declaração feita em julho por 16 formações anunciando planos para criar uma “grande aliança” no Parlamento Europeu, que foi o prelúdio das negociações de hoje.
A Liga e o movimento de Le Pen na França estão no grupo parlamentar Identidade e Democracia; enquanto PiS, Vox e os Irmãos da Itália estão na bancada dos Conservadores e Reformistas.
O partido de Orban deixou o Partido Popular Europeu, o maior grupo do Parlamento, e está em busca de uma nova bancada.
“Queremos mudar a política de Bruxelas”, escreveu Orban em sua conta no Facebook antes da reunião. “Há meses que trabalhamos para criar uma família política forte e esperamos que amanhã ou depois de amanhã possamos dar um passo em direção a esse objetivo”, acrescentou.
Ewa Marciniak, especialista em Ciência Política da Academia Polonesa de Ciências, indicou que os participantes tentarão “minimizar as diferenças”, incluindo questões como a relação com a Rússia e suas posições sobre o aborto ou direitos da comunidade LGBTQ+.
Em vez disso, enfatizarão “sua disposição de voltar às raízes da União Europeia”.
Polônia e Hungria acusam a União Europeia (UE) de minar a sua soberania e Bruxelas afirma que estes dois países estão retrocedendo nas liberdades democráticas.
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, disse na sexta-feira que a Europa está em um “ponto de inflexão” e pediu aos Estados-membros que acabem com a “usurpação que concentra o poder nas mãos das elites”.
Le Pen se reuniu com Morawiecki e Orban em outubro e expressou seu apoio no confronto com a UE sobre sua posição firme contra a imigração em massa.
No entanto, na sexta-feira reconheceu que este é um trabalho de longo prazo. “Vai demorar um pouco”, acrescentou.
Fonte: AFP