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Datafolha: Aprovação a Bolsonaro recua seis pontos e chega a 24%, a pior marca do mandato; rejeição é de 45%

Mulheres, negros, jovens de 16 a 24 anos e moradores do Nordeste puxam a avaliação negativa da gestão

SÃO PAULO – O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem a aprovação de 24% dos brasileiros, a pior marca de seu mandato até aqui, segundo pesquisa do instituto Datafolha. O percentual dos que consideram a gestão ótima ou boa era de 30% em março, quando foi feito o levantamento anterior.

Os que rejeitam o governo, considerando-o ruim ou péssimo, eram 44% e são 45% na nova pesquisa, realizada entre esta terça-feira (11) e esta quarta (12), com 2.071 entrevistas presenciais em 146 municípios de todo o Brasil. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

O governo atual, que assumiu o Palácio do Planalto em janeiro de 2019, é avaliado como regular por 30% dos entrevistados, percentual maior do que os 24% de março; 1% não opinou.

A nova rodada do Datafolha mostrou também um caminho pedregoso para Bolsonaro em sua já anunciada tentativa de reeleição, em 2022. Segundo o instituto, 54% dizem que não votariam nele de jeito nenhum, e o ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário, lidera a corrida para a Presidência.

O petista, que se livrou das condenações na Operação Lava Jato, conta com margem confortável no primeiro turno e venceria o atual presidente na segunda etapa do pleito.

A série histórica da pesquisa mostra que, de dezembro para cá, a popularidade de Bolsonaro derreteu. A fatia de ótimo ou bom, que no último mês de 2020 atingia o recorde de 37%, foi caindo paulatinamente até chegar ao atual patamar de 24% (queda de 13 pontos percentuais).

Na mesma toada, o grupo dos que consideram o governo ruim ou péssimo, que em dezembro correspondia a 32%, cresceu sucessivamente até atingir os atuais 45% (alta também de 13 pontos).

Com os resultados mais recentes, é a primeira vez na série histórica do Datafolha sobre a avaliação do governo, iniciada em abril de 2019, que o presidente amarga, ao mesmo tempo, o maior percentual de rejeição e o menor de aprovação.

O cenário se apresenta no momento em que a gestão enfrenta uma CPI no Senado que apura a responsabilidade do Executivo no descontrole da pandemia de Covid-19, que já matou mais de 425 mil brasileiros. O negacionismo científico e a inépcia administrativa do presidente são alvo da investigação.

Ao mesmo tempo, têm ficado evidentes a fragilidade política do governo e o isolamento internacional, enquanto a atividade econômica se recupera a passos lentos das consequências trazidas pela crise sanitária. O país teve em 2020 o maior recuo do PIB em 30 anos, com queda de 4,1%.

Com a nova pesquisa, a rejeição a Bolsonaro, na comparação com outros presidentes eleitos desde 1989 e com tempo semelhante no cargo durante o primeiro mandato (2 anos e 5 meses), só é inferior à de Fernando Collor de Mello (PRN).

Na mesma altura do mandato, em 1992, já perto de ser ameaçado pelo processo de impeachment, Collor somava 68% de ruim ou péssimo e tinha 21% de avaliação regular. A fatia de ótimo e bom, no entanto, estava em 9%, bem abaixo da registrada hoje pelo atual mandatário.

A pesquisa Datafolha mostra ainda que a avaliação da gestão Bolsonaro varia dentro de grupos específicos. A aprovação é mais elevada entre os homens (29% deles consideram o governo ótimo ou bom) do que entre as mulheres (entre elas, a porcentagem cai para 21%).

No recorte por idade, o governo possui o pior desempenho entre os cidadãos mais jovens. Entre pessoas com 16 a 24 anos, apenas 13% acham a gestão ótima ou boa. O maior índice de aprovação é encontrado na faixa dos que têm 60 anos ou mais, em que 29% expressam opinião positiva.

Já a classificação por escolaridade demonstra impopularidade maior entre os que estudaram mais. Enquanto entre os brasileiros com ensino superior chega a 57% a taxa de ruim ou péssimo, o percentual despenca para 40% entre as pessoas que têm só o ensino fundamental.

Pelo critério de renda, a maior rejeição se encontra na faixa acima dos dez salários mínimos mensais: 63% consideram o governo ruim ou péssimo. O percentual recua para 45% entre os mais pobres (com até dois salários), se mantém nos 45% no grupo de dois a cinco salários e chega a 47% no de cinco a dez.

A comparação regional também expõe discrepâncias. Nordeste (51%) e Sudeste (47%) dão ao governo Bolsonaro os maiores índices de ruim ou péssimo, enquanto os maiores percentuais de ótimo ou bom se apresentam nas regiões Centro-Oeste/Norte (31%) e Sul (29%).

Há ainda uma tendência de maior reconhecimento positivo à gestão federal em municípios do interior do que em capitais e grandes cidades. Nas regiões metropolitanas, 50% acham o governo ruim ou péssimo, percentual que diminui para 41% nas cidades de porte menor.

Em relação à cor, é no grupo dos que se declaram pretos que o governo enfrenta a maior reprovação, com 53% de ruim ou péssimo. Já os brancos dão à gestão de Bolsonaro o maior percentual de ótimo ou bom (27%), taxa semelhante à que ocorre entre os pardos (24%). Entre os pretos, são 18%.

Na parcela dos evangélicos, que historicamente dá sustentação ao presidente e é por ele constantemente afagada, a aprovação bate os 33%. O índice cai para 23% entre católicos e 15% entre espíritas/kardecistas. Esse terceiro grupo é também o que mais exibe rejeição (69% de ruim ou péssimo).

Quando a categorização dos entrevistados é feita por ocupação principal, a taxa de ruim e péssimo alcança 58% na classe dos funcionários públicos. Entre empresários, por outro lado, a porcentagem de reprovação desce para 26%, o melhor resultado para a gestão.

Os grupos que sinalizam maior rejeição, na sequência dos servidores públicos, são: estudantes (57%), desempregados que procuram emprego (53%) e assalariados sem registro em carteira (50%).

O humor do brasileiro sobre o governo Bolsonaro foi aferido pelo Datafolha duas semanas depois da instalação da CPI da Covid no Senado. A comissão parlamentar de inquérito já ouviu ex e atuais auxiliares do presidente e vem produzindo arranhões na imagem do governo em relação à crise de saúde.

O Brasil ultrapassou o patamar dos 400 mil mortos por Covid-19 no dia 29 de abril, em meio ao desprezo do governo federal e da população pelos riscos da doença. Na ocasião, o presidente se referiu à marca de maneira breve, mencionando em sua live semanal “um número enorme de mortes”.

“Lamentamos as mortes, chegou a um número enorme de mortes agora aqui, né?”, indagou durante a transmissão, na qual disse também não temer a CPI.

Com a sequência de fatos negativos para o governo, o presidente voltou a subir o tom contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e sugeriu que poderia tomar medidas contra as decisões de estados e municípios que restringiram a circulação de pessoas para tentar conter a disseminação do vírus.

Apontado como um alívio para a popularidade do presidente em meados de 2020, o auxílio emergencial pago a cidadãos com o objetivo de atenuar os efeitos da estagnação econômica produzida pela pandemia voltou a ser disponibilizado em abril deste ano, mas com um alcance reduzido.

A nova rodada tem valor menor que a primeira versão, paga entre abril e dezembro do ano passado –inicialmente de R$ 600 e depois reduzido para R$ 300. Desta vez, o benefício tem valor médio de R$ 250. Pode, no entanto, ser de R$ 150 ou R$ 375, dependendo do tamanho da família de quem recebe.

De olho em possíveis dividendos políticos, o presidente também afirmou que, a partir de agosto ou setembro, pretende ampliar de R$ 190 para R$ 250 o valor médio pago a beneficiários do Bolsa Família.

Em outra frente, o governo sofre protestos pela lentidão na vacinação, que opositores dizem ter sido negligenciada e desestimulada por Bolsonaro, com falhas administrativas e discursos contrários à imunização, única forma segura e eficaz de prevenir e combater a moléstia.

Até esta terça-feira (11), 22,7% da população adulta tinha sido vacinada com a primeira dose de algum dos imunizantes oferecidos no país, segundo o consórcio de imprensa formado por Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1. A segunda dose havia sido aplicada em 11,42% da população. (Com Folha de São Paulo)

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