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Governo Lula volta a pressionar Maduro por diálogo e respeito aos direitos humanos na Venezuela

Itamaraty condenou as recentes ações do governo venezuelano

Um dia após a posse de Nicolás Maduro para seu terceiro mandato como presidente da Venezuela, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil manifestou preocupação com as denúncias de violações de direitos humanos contra membros da oposição no país vizinho. Em nota divulgada, o Itamaraty condenou as recentes ações do governo venezuelano, destacando episódios de prisões, ameaças e perseguições a opositores políticos.

“O governo brasileiro acompanha com grande preocupação as denúncias de violações de direitos humanos a opositores do governo na Venezuela, em especial após o processo eleitoral realizado em julho passado”, declarou o Itamaraty, que também pediu garantias para que líderes da oposição possam se manifestar pacificamente e com segurança.

Posse e repercussões internacionais

Maduro iniciou um novo mandato de seis anos sob pressão internacional crescente. O processo eleitoral de 2024 foi marcado por denúncias de fraudes contra o opositor Edmundo González, envolvendo supostas manipulações no Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Além disso, os Estados Unidos intensificaram sua posição contra o líder venezuelano, oferecendo uma recompensa de US$ 25 milhões por sua captura.

Na data da posse, o governo de Maduro decidiu fechar as fronteiras com o Brasil e a Colômbia. Em resposta, o Itamaraty confirmou as restrições e orientou os cidadãos brasileiros a acionarem os plantões consulares da embaixada em Caracas em caso de emergências.

Tensões na relação Brasil-Venezuela

Historicamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um aliado do regime chavista, mas a relação tem sido marcada por atritos recentes. Episódios como uma postagem da polícia nacional venezuelana em tom de ameaça a Lula indicam uma crescente falta de confiança.

O cientista político André César destacou que Lula reconheceu os riscos de manter uma relação próxima com Maduro. “Há um custo político para sustentar relações plenamente normais com a Venezuela. O Brasil adotará uma postura mais cautelosa nesse novo mandato de Maduro”, afirmou.

Postura pragmatista do governo brasileiro

Apesar das críticas, o governo Lula manteve um tom pragmático. A embaixadora brasileira em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira, participou da posse de Maduro, representando oficialmente o Brasil. O Partido dos Trabalhadores (PT) também enviou representantes, assim como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).

Para o cientista político Carlo Eduardo Novato, a presença brasileira no evento reflete uma estratégia cautelosa. “Lula está buscando um equilíbrio entre o alinhamento histórico do PT com o regime chavista e a necessidade de preservar relações internacionais democráticas”, avaliou.

O especialista Rafael Favetti também destacou o pragmatismo de Lula. “O presidente seguiu a orientação do Itamaraty, que tem adotado um tom mais neutro. Antes disso, o Lula mantinha o posicionamento alinhado ao que o PT entende sobre o regime Maduro”, disse.

O novo mandato de Nicolás Maduro amplia as tensões entre Venezuela e a comunidade internacional. O Brasil, sob a liderança de Lula, busca adotar uma postura pragmática, balanceando as críticas às violações de direitos humanos com o histórico de alinhamento entre o PT e o regime chavista. A cautela do Itamaraty e as ações do governo indicam um período de distanciamento calculado entre os dois países, com foco na preservação de direitos democráticos e no diálogo internacional.

Com informações Correio Brasiliense

IA – Imagem: Marcello Casal Jr. (Itamaraty)

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