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Horror em números: genocídio de Israel na Faixa de Gaza completa um ano

Israel matou quase 42 mil palestinos, jogou mais bombas do que na Segunda Guerra Mundial e destruiu Gaza

BdF – Nesta segunda-feira (7) completa-se um ano do massacre palestino cometido por Israel na Faixa de Gaza – considerado genocídio pela África do Sul e cerca de 50 países em um caso que tramita na Corte Internacional de Justiça (CIJ) da ONU, em Haia – sem sinais de abrandamento ou resolução. Nesta segunda mesmo, ao menos 12 palestinos foram mortos por artilharia israelense, que ordenou novas retiradas no campo de refugiado de Khan Yunis, sinal de que a violência continuará nos próximos tempos.

Em Israel, ocorrem protestos pelo sofrimento causado pelo fracasso do governo de Benjamin Netanyahu em recuperar os mais de 100 reféns israelenses ainda mantidos prisioneiros em Gaza. Já o sofrimento contínuamente causado aos mais de 2 milhões de palestinos em Gaza (e os quase 3 milhões na Cisjordânia) não entra na conta da política interna do país, por maior o choque que cause na comunidade internacional, e tem poucas chances de ser reduzido sem pressão externa.

Milhares de pessoas de diversas cidades do mundo foram às ruas pedir pelo fim da escalada de violência escolhida por Israel. Países como França, Alemanha, EUA, Reino Unido, Espanha, Austrália, Venezuela, Indonésia sediaram protestos neste final de semana contra a expansão das operações militares israelenses que atualmente, além de Gaza, atingem Líbano, Síria e Iêmen. Israel promete ainda um ataque militar “doloroso” contra o Irã.

O Brasil de Fato separou dados e cifras sobre os mais de 360 dias de genocídio.Os números são de ONGs internacionais e organismos multilaterais, como ONU e OMS, e foram compilados pelo Palestine Institute for Public Diplomacy.

Mortos e feridos

Oficialmente, em um ano, Israel matou em Gaza mais de 41.909 palestinos, incluindo 17 mil crianças. A conceituada revista The Lancet constatou que as mortes diretas e indiretas em Gaza podem chegar a 186 mil pessoas. Há milhares de corpos não resgatados debaixo dos escombros criados pelos bombardeios que ainda não foram contabilizados.

Mais de 97.303 palestinos foram feridos em Gaza. Pelo menos 25% dos feridos provavelmente sofrerão lesões que mudarão suas vidas, incluindo mais de 15 mil casos de lesões nas extremidades e cerca de 3,5 mil amputações, de acordo com a OMS.

Crimes e atrocidades

A ONU havia declarado Gaza como o lugar mais perigoso do mundo para ser criança antes de Israel considerar o chefe da entidade, o secretário-geral Antonio Guterres, persona non grata no país, indicativo do desprezo pela maior instância global.

Outros indicadores de violações do direito internacional incluem o dado de que mais de 75% de todos os jornalistas mortos em todo o mundo em 2023 foram mortos em Gaza. O número de trabalhadores humanitários mortos em Gaza no ano passado é o maior de todos os tempos em uma única crise.

Israel lançou 70 mil toneladas de bombas em Gaza, superando os bombardeios da Segunda Guerra Mundial em Dresden, Hamburgo e Londres juntos.

A ONG Euro-Med Human Rights Monitor conseguiu mapear pelo menos 30 valas comuns, com 3 mil corpos de palestinos mortos no genocídio de Israel. “Queimem Gaza agora, nada menos que isso!”, publicou no X o vice-presidente do Knesset, Nissim Vaturi, em novembro de 2023.

Infraestrutura e patrimônio

Com mais de 5 mil anos de idade, Gaza é uma das cidades mais antigas da humanidade. Um dos entrepostos comerciais mais relevantes desde a Idade do Bronze viu, em um ano, suas riquezas históricas e culturais destruídas pelo bombardeio contínuo. Foram 195 locais de patrimônio, 227 mesquitas, três igrejas danificadas ou destruídas e a perda dos Arquivos Centrais de Gaza, que contêm 150 anos de história.

Além disso, Gaza se tornou inabitável de acordo com padrões internacionais: 67% da água, das instalações e da infraestrutura de saneamento e da rede rodoviária foram destruídos ou danificados.

Israel destruiu 90% das escolas de Gaza. A última universidade remanescente foi destruída em janeiro de 2024. Em maio, a ONU estimou que a reconstrução das casas poderia levar até 2040.

Deslocamento interno e fome

Os cerca de 2 milhões de palestinos presos em Gaza lidam diariamente com a perspectiva de serem mortos por bombas ou tiros disparados de cima. Há um ano, eles vem sendo avisados a se deslocarem para evitar os ataques, recebendo ordens de voltar para os escombros de regiões de onde pouco antes haviam sido expulsos. Nove em cada dez palestinos em Gaza estão agora deslocados internamente, muitos deles várias vezes (alguns até 10 vezes).

Israel proibiu a entrada de ajuda humanitária, incluindo comidea, água e remédios, no que muitos condenam como punição coletiva a civis. A ONU registrou 32 mortes por desnutrição, incluindo 28 entre crianças com menos de cinco anos de idade.

Cerca de 200 pacientes foram internados por desnutrição aguda grave, e estima-se que 50 mil crianças precisem de tratamento para desnutrição aguda. 15 ONGs internacionais lançaram coletivamente um apelo detalhando como o cerco de Israel bloqueia 83% da ajuda alimentar que chega a Gaza.

Colapso sanitário

Além da fome disseminada, cerca de 90% do abastecimento de água de Gaza não é potável, graças a ataques em estações de esgoto e dessalinização. Como resultado, com o sistema de saúde em colapso e os locais de deslocamento superlotados, se criou um terreno fértil para epidemias.

“Não haverá eletricidade, nem comida, nem água, nem combustível, tudo será fechado. Estamos lutando contra animais humanos e agiremos de acordo”, declarou o ministro da Defesa israelense, Y. Gallant.

O ataque israelense à saúde – houve 512 ataques à saúde em Gaza, resultando na morte de 759 palestinos, na detenção e prisão de 128 profissionais de saúde, afetando 110 instalações de saúde e 115 ambulâncias – criou uma “biosfera de guerra”, com o vírus da poliomielite retornando à região, entre muitas outras consequências catastróficas do genocídio para a saúde.

Fonte: Brasil de Fato – Edição: Lucas Estanislau – Imagem: BASHAR TALEB / AFP

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