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Piauí tem 710,6 mil endereços sem número e 167 mil em logradouros sem denominação

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira (14/06) a versão completa do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), que traz microdados com os principais atributos dos 1.705.548 endereços registrados no Piauí e dos 106.814.877 endereços do país. Esses atributos incluem o nome do logradouro, número e modificador do endereço, complemento, localidade, CEP, espécie da unidade visitada, tipo de edificação e nomes dos estabelecimentos, entre outros.

Organizado pelo IBGE desde 2005, o CNEFE é o principal acervo de endereços do país com abrangência nacional e acesso público. Ele é atualizado periodicamente, sendo totalmente revisado durantes os censos demográficos.

O trabalho do Censo 2022, por exemplo, teve início com uma lista prévia de 89.327.652 endereços. Destes, 81,5% foram confirmados e 18,5% foram excluídos durante a coleta, que ainda acrescentou 33.992.241 novos endereços ao CNEFE. “A contribuição dos 120 mil recenseadores foi fundamental. Foram os trajetos por eles percorridos e o seu trabalho de cobertura que nos permitiram ter o produto que estamos entregando hoje para a sociedade”, observa Eduardo Baptista, gerente do CNEFE.

O CNEFE é fundamental não apenas para orientar os recenseadores durante a operação censitária, mas também para estruturar as amostras das pesquisas domiciliares do IBGE. “A PNAD Contínua, por exemplo, já está utilizando os dados do CNEFE atualizado”, observa Eduardo.

Piauí tem 710,6 mil endereços sem número e 167 mil endereços em logradouro sem denominação 

Uma análise dos diversos atributos do CNEFE do IBGE permite saber que no Piauí foram registrados 710.603 endereços sem número (ou 41,66% do total de endereços). Destaca-se também no estado o quantitativo de 212.812 endereços em sistemas alternativos (12,48%), onde no endereço não havia uma numeração de registro do imóvel no logradouro obtido junto à Prefeitura, mas unicamente um número de identificação junto ao cadastro da empresa de água ou de energia, da SUCAM dentre outros. Além disso, havia 2.791 endereços (0,16%) identificados pelo registro de sua localização na quilometragem da via. No Brasil havia 24,4 milhões de endereços sem número (22,8% do total) e a maior parte deles estava em Goiás (2,46 milhões). Além disso, havia 438,0 mil endereços identificados pela quilometragem da via (0,41%). Entre estes, 76,1 mil estão em Rondônia, unidade da federação com a maior ocorrência desse modificador.

O Piauí tem, ainda, cerca de 167,2 mil endereços em logradouros sem nome, enquanto no país são 2,7 milhões de endereços, sendo a maior ocorrência na Bahia, com 314,5 mil endereços. Refletindo a religiosidade da população piauiense, registrou-se que 7.198 endereços do estado estavam em logradouros com a denominação de “São José”, e outros 5.368 endereços em logradouros com a denominação de “Santo Antônio”.

O gerente do CNEFE, Eduardo Baptista, observa que “o endereço é também um indicador de cidadania. Isso significa que o cidadão que vive em um endereço sem número ou em uma rua ou avenida sem denominação está sofrendo algum tipo de déficit na sua cidadania, pela não formalização daquele endereço ou logradouro pelo poder público municipal”.

Com relação ao título honorífico da pessoa homenageada na denominação dos logradouros, no Piauí há 46.994 endereços localizados em logradouros cuja denominação tem a palavra “São”, seguido de 20.361 endereços localizados em logradouros iniciados com a palavra “Santa”, outros 15.687 endereços com a palavra “Doutor” em sua denominação, e 11.564 endereços em logradouros com a palavra “Coronel”. Outros títulos com elevada incidência nos logradouros piauienses foram: “Professor”, “Santo”, “Vereador”, “Padre”, Presidente”, e “Dom”. Já no Brasil havia 2,3 milhões de endereços localizados em logradouros iniciados com a palavra “São”, seguido de “Doutor”, em 1,7 milhão de endereços.

Os endereços também foram agrupados pelos tipos de logradouros mais comuns. Dessa forma, o Piauí tem 979,7 mil endereços situados em ruas, 135,8 mil endereços em avenidas e 189,1 mil endereços em estradas. No Brasil o maior quantitativo de endereços também estava localizado em ruas, mais precisamente em 72,4 milhões de endereços, seguido por 10,7 milhões de endereços em avenidas e 7,1 milhões de endereços em estradas. Travessas, sítios, alamedas e fazendas também estão entre os principais tipos.

Segundo o CNEFE, no período abrangido pela coleta do Censo 2022, o Piauí tinha 57.836 edificações em construção e o país tinha 3,5 milhões, das quais 605,2 mil estavam no estado de São Paulo, que abrigava a maior quantidade dessa espécie de endereços, entre as 27 unidades da federação. O CNEFE informa, ainda, se essas construções ou reformas terão uso residencial, não residencial, misto ou indeterminado.

O CNEFE também permite saber que no Piauí, entre seus endereços, há 1,41 milhão de domicílios particulares e 1,4 mil domicílios coletivos, além de 7,4 mil estabelecimentos de ensino e 4,5 mil estabelecimentos de saúde, entre outras categorias. Por sua vez, no Brasil, há 90,6 milhões de domicílios particulares e 104,5 mil domicílios coletivos, além de 264,4 mil estabelecimentos de ensino e 247,5 mil estabelecimentos de saúde.

74,6 mil endereços do Piauí estão em condomínios 

Segundo o CNEFE, no Piauí foram registrados 74.649 endereços situados em arranjos condominiais, sendo 17.297 endereços em condomínios que tinham entre 6 e 20 endereços, 13.221 em condomínios entre 21 e 50 endereços,

11.422 em condomínios entre 51 e 100 endereços e 32.709 em condomínios com mais de 100 endereços. No Piauí registrou-se uma média de 15,06 domicílios por arranjo condominial.

Por sua vez, no Brasil, foram registrados 13.285.465 de endereços situados em arranjos condominiais, sendo 3,6 milhões de endereços em condomínios que tinham entre 6 e 20 endereços, 2,7 milhões em condomínios entre 21 e 50 endereços, 2,2 milhões em condomínios entre 51 e 100 endereços e 4,8 milhões em condomínios com mais de 100 endereços. No Brasil registrou-se uma média de 12,79 domicílios por arranjo condominial. Dentre as unidades da federação, a maior média foi a de Roraima, com 79,30 domicílios por arranjo condominial, e a menor média foi do Rio Grande do Sul, com 8,99 domicílios por arranjo condominial.

Teresina: 42% dos endereços em condomínio de apartamentos estão concentrados no subdistrito Leste

Em Teresina, o CNEFE apontou que o subdistrito Leste possuía a maior proporção de endereços em arranjos condominiais do tipo “apartamento” na capital, com 42,13% do total de endereços, seguido do subdistrito Sul, com 23,64%, do subdistrito Centro, com 17,66%, do subdistrito Sudeste, com 10,52%, e do subdistrito Norte, com 6,05%. A pouca incidência de endereços condominiais do tipo “apartamento” no subdistrito Norte de Teresina advém da impossibilidade legal de construção próxima à área do aeroporto, em razão do prejuízo que traria para o tráfego de aeronaves.

O IBGE considera arranjos condominiais as copropriedades entre diferentes pessoas de um mesmo imóvel. Foram identificados como arranjos condominiais aqueles que tinham seis ou mais domicílios particulares permanentes em edificação caracterizada como “casa de vila ou em condomínio” ou “apartamento” na mesma face de quadra e, ainda, compartilhavam o mesmo logradouro, número, localidade e CEP.

CNEFE pode auxiliar o poder público no enfrentamento de calamidades

Em 2 de fevereiro, o IBGE já havia divulgado as Coordenadas Geográficas das Espécies de Endereços do Censo Demográfico 2022. Mais tarde, em 21 de maio, foi antecipada a liberação dos microdados do CNEFE), para auxiliar os órgãos governamentais no enfrentamento das inundações no Rio Grande do Sul.

Na figura abaixo, um exemplo de aplicação dessas informações, mostrando, a partir dos dados georreferenciados do CNEFE, os endereços atingidos por alagamentos no município de Lajeado (RS). No momento da análise retratada pela figura, esses endereços alagados incluíam, entre outros exemplos, 4,6 mil domicílios particulares, 82 edificações em construção e 15 estabelecimentos de ensino.

Os dados do CNEFE também foram utilizados para apoiar a estratégia de atuação de órgãos governamentais e de Defesa Civil durante calamidades ocorridas em Alagoas e Pernambuco, em 2010, em Brumadinho (MG), em 2019, e em São Sebastião (SP), em 2023, entre outras ocasiões.

Com informações precisas sobre a localização dos domicílios e estabelecimentos, as três esferas de governo podem realizar um planejamento mais eficiente de infraestruturas públicas, identificando regiões com maior demanda por transporte, escolas, hospitais, coleta de lixo, abastecimento de água e luz e, inclusive, facilitando a entrega de correspondências.

O Gerente do CNEFE, Eduardo Baptista, lembra que “as informações do CNEFE são extremamente úteis para caracterizar distintos padrões de ocupação, identificando áreas verticalizadas ou com grande número de edificações em construção. Além disso, o CNEFE oferece a outras instituições, públicas ou privadas, um importante repositório de endereços para amostras de pesquisas domiciliares”.

IBGE organizou os endereços do CNEFE por CEP

 Essa divulgação do CNEFE traz os endereços agregados pelo Código de Endereçamento Postal (CEP). “Será possível saber, por exemplo, quantos domicílios e estabelecimentos estão vinculados a cada um dos mais de 931.499 CEPs associados aos endereços no CNEFE. Esse detalhamento atende demandas de diversos usuários de nossos dados”, observa Eduardo.

O CNEFE traz 5.570 arquivos em formato CSV, com informações de cada município do país. Os dados também estão em 27 arquivos CSV por unidade da federação, para recortes geográficos mais amplos. Há, ainda, uma planilha com os dados agregados por CEP. Acompanham esse material uma nota metodológica e o dicionário de dados. Os arquivos do CNEFE podem ser utilizados em Sistemas de Informação Geográfica, para gerar mapas e cartogramas, inclusive combinados com outras camadas de informações em diversas plataformas, como Google Earth.

Mais sobre a pesquisa

 O Censo Demográfico é a mais completa operação estatística realizada no país, indo a todos os domicílios dos 5.570 municípios brasileiros e coletando os endereços e as coordenadas geográficas das espécies de endereços visitadas pelos recenseadores.

O Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE) é o principal repositório de endereços com abrangência nacional e de acesso público. O CNEFE busca registrar todos os endereços de unidades construídas ou em construção e traz informações como logradouro, localidade, CEP e número, além de complementos que diferenciam endereços em uma mesma posição no logradouro. Para complementar a localização de endereços, associa-se a esse registro um par de coordenadas geográficas.

Os dados podem ser visualizados na Plataforma Geográfica Interativa (PGI) e no Panorama do Censo 2022.

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