Ataque em escola da ONU em Gaza causa dezenas de mortes
Um ataque a uma escola da Agência da ONU para refugiados palestinos, Unrwa, em Gaza causou dezenas de mortes neste sábado. Al-Fakhoora, assim como diversas outras instalações da ONU, abrigam deslocados em Gaza desde o início da violência em outubro.
O chefe da entidade, Philippe Lazzarini, afirmou em comunicado que há imagens de dezenas de pessoas mortas e feridas no local. A instalação da ONU fica no campo de refugiados de Jabalia, localizado no norte da Faixa de Gaza.
Proteção a civis
Para ele, os ataques não podem se tornar algo comum. “Um cessar-fogo humanitário não pode esperar mais”, ressaltou.
A diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, disse em suas redes sociais que há relatos de crianças e civis sendo mortos em Gaza – mais uma vez – enquanto se abrigam em uma escola que deveria ser um local seguro.
Ela destacou a necessidade de parar “com a matança, a destruição e o sofrimento”, e acabar com “esse pesadelo que as crianças estão vivendo”.
A diretora regional da agência para o Oriente Médio e Norte da África, Adele Khader, adicionou que as “cenas de morte e destruição após os ataques às escolas Al Fakhoura e Tal al-Zaatar de Gaza – que mataram muitas crianças e mulheres – são horríveis e de partir o coração”.
Ela enfatizou a necessidade de parar esses ataques imediatamente, ressaltando que “crianças, escolas e abrigos não são um alvo”.
“Humanidade deve prevalecer”
O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, disser ser “trágica a notícia de crianças, mulheres e homens sendo mortos enquanto se abrigavam na Escola Al-Fakhoura, no norte de Gaza”.
Segundo o chefe humanitário da ONU, os abrigos são locais de segurança e as escolas são locais de aprendizagem. “Os civis não podem nem devem continuar a tolerar esta situação. A humanidade deve prevalecer”, reforçou.
Entrada de combustível
Também neste sábado, o chefe da Unrwa anunciou que, após várias semanas de atraso, as autoridades israelenses aprovaram a entrada de combustível diariamente para as operações humanitárias em Gaza. No entanto, foi permitida apenas a metade da quantidade mínima necessária.
A Unrwa explica que o volume está “muito longe de ser suficiente para cobrir as necessidades das usinas de dessalinização, bombas de águas residuais, hospitais, bombas de água em abrigos, caminhões de ajuda, ambulâncias, padarias e redes de comunicação, para que funcionem sem interrupção.
Necessidades básicas
Sem a quantidade total de combustível, a população terá apenas dois terços de suas necessidades diárias de água potável limpa. Além disso, grandes áreas de Gaza continuarão inundadas por esgoto, aumentando o risco de doenças.
A Unrwa adiciona que 70% dos resíduos sólidos não serão eliminados, representando um sério perigo para a saúde, e deve haver um número reduzido de caminhões de ajuda atravessando diariamente Rafah.
A agência da ONU afirma que as organizações humanitárias não deveriam ser forçadas a tomar “decisões difíceis entre atividades que competem para salvar vidas”.
Segundo a Unrwa, é provável que as tensões comunitárias aumentem em uma sociedade antes muito unida, o que tornará ainda mais difícil a atuação da ONU e outras organizações em um ambiente de crise humanitária sem precedentes.
Os representantes da Unrwa solicitam “uma entrega adequada, regular e incondicional de combustível para manter todas as nossas atividades críticas para salvar vidas na Faixa de Gaza”.
“A ajuda humanitária não pode estar condicionada e não deve ser usada para fins políticos ou militares”, conclui a agência.
Fonte: ONU News – Imagem: © Unicef/Hassan Islyeh