Vazamento de plano militar dos EUA gera crise política
Os ataques aéreos ocorreram na madrugada de 16 de março

A revista The Atlantic publicou nesta quarta-feira (26) o texto completo de um grupo de bate-papo no aplicativo Signal, revelando detalhes de um ataque iminente dos Estados Unidos ao Iêmen. As informações, que incluíam horários dos bombardeios e tipos de aeronaves empregadas, foram compartilhadas acidentalmente com um jornalista por altos funcionários da segurança nacional dos EUA.
Os ataques aéreos ocorreram na madrugada de 16 de março, resultando na morte de pelo menos 24 pessoas e deixando outras 23 feridas. O grupo rebelde houthis condenou os bombardeios, classificando-os como “crime de guerra”.
Vazamento embaraçoso
O jornalista Jeffrey Goldberg, da The Atlantic, recebeu as mensagens em 15 de março, quando, por engano, seu número de telefone foi adicionado ao grupo que contava com a presença de figuras de alto escalão, como o diretor da CIA, John Ratcliffe, e o conselheiro de segurança nacional de Trump, Mike Waltz.
Nas mensagens, o secretário de Defesa Pete Hegseth detalha os ataques:
“1410: Mais F-18s lançam (2º pacote de ataque).”
“1415: Drones de ataque no alvo (as primeiras bombas definitivamente cairão nesse momento).”
Waltz também descreveu em tempo real as consequências da ofensiva: “O prédio desabou. Tivemos várias identificações positivas.”
Repercussão e reação do governo Trump
Inicialmente, The Atlantic optou por não divulgar integralmente as conversas para evitar revelar informações sensíveis. No entanto, após autoridades minimizarem a gravidade do incidente perante o Congresso, a revista decidiu publicar a íntegra das mensagens, ocultando apenas um nome a pedido da CIA.
O ex-presidente Donald Trump classificou o vazamento como uma “falha” e negou que houvesse informações confidenciais envolvidas. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, afirmou que as mensagens pareciam “autênticas”, enquanto aliados de Trump criticaram a matéria, acusando The Atlantic de “exagerar” na história.
Pressão dos democratas
A divulgação do bate-papo gerou forte reação no Congresso, especialmente entre os democratas, que acusam o governo Trump de negligência e de comprometer a segurança nacional. Uma audiência foi marcada na Câmara dos Representantes para discutir o escândalo.
A crise política desencadeada pelo vazamento reforça a pressão sobre os republicanos, colocando em xeque a gestão da segurança nacional durante o governo Trump e reacendendo debates sobre a transparência e a responsabilidade nas operações militares dos EUA no Oriente Médio.
Edição Jogo do Poder – Imagem: X