
A Comissão de Ética da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (9) o parecer que recomenda a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (Psol-RJ). O relatório, elaborado pelo deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), recebeu 13 votos favoráveis e cinco contrários. Agora, a decisão será submetida ao plenário da Casa.
A sessão foi marcada por intensos debates e protestos de parlamentares do Psol e da oposição. Glauber, em protesto contra o andamento do processo, anunciou que está em greve de fome. “Estou em jejum desde o início do dia. A partir de agora, até o encerramento deste processo, não vou me alimentar. Permanecerei aqui, firme, com a decisão irrevogável de que não serei derrotado pelo orçamento secreto”, declarou o parlamentar, que permaneceu no local onde ocorreu a reunião.
O início da ordem do dia no plenário, prevista para as 16h, foi adiado, apesar dos pedidos de deputados do Psol para que a sessão fosse iniciada. Caso isso tivesse ocorrido, a Comissão de Ética seria obrigada a interromper seus trabalhos.
A movimentação se intensificou por volta das 17h, com a chegada de deputados de oposição ao local da comissão, o que provocou confrontos verbais com parlamentares do Psol. A Polícia Legislativa precisou intervir, retirando jornalistas e visitantes da sala.
Glauber Braga acusou a presidência da Casa de articular um acordo para garantir a continuidade da votação na comissão. “O fato de até 17h30 a ordem do dia não ter sido iniciada é um indicativo claro de que há um acordo para que a deliberação aqui ocorra antes”, afirmou.
Ao final da votação, o presidente da Comissão, deputado Leur Lomanto Jr. (União Brasil-BA), anunciou o resultado. Em meio a protestos, o relator Paulo Magalhães reafirmou sua posição: “Diante da algazarra em que se transformou esta comissão, mantenho meu relatório.”
O deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) reagiu duramente: “Isso é um escárnio.”
Entenda o caso
Glauber Braga está sendo julgado na Comissão de Ética por um episódio ocorrido em abril de 2024, quando expulsou das dependências da Câmara o militante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro. Na ocasião, após uma troca de insultos, o deputado empurrou e desferiu chutes contra Costenaro. A confusão foi contida e ambos foram levados ao Departamento de Polícia Legislativa.
Na defesa apresentada à comissão, Glauber alegou que vinha sendo perseguido por Costenaro e que o militante havia proferido ofensas contra sua mãe, que faleceu poucos dias depois do incidente.
Para que a cassação seja confirmada em plenário, são necessários ao menos 257 votos favoráveis entre os 513 deputados. Caso isso ocorra, o Psol já sinalizou que pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar o processo.
Edição JP – Imagem: Câmara dos Deputados