
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (21) que o projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores com renda de até R$ 5 mil mensais será aprovado pelo Congresso. Durante entrevista ao podcast Inteligência Ltda., Haddad destacou que o maior desafio da medida é equilibrar a perda de arrecadação.
Compensação e tributação sobre super-ricos
Para equilibrar as contas, o governo propôs um imposto mínimo sobre contribuintes que ganham mais de R$ 600 mil por ano (aproximadamente R$ 50 mil por mês). A alíquota será progressiva e pode chegar a 10% para aqueles que recebem acima de R$ 1,2 milhão anualmente. Segundo Haddad, cerca de 141,4 mil contribuintes de alta renda serão impactados. Atualmente, esses contribuintes pagam uma alíquota efetiva média de apenas 2,5%.
“Vamos chegar a 20 milhões de pessoas isentas. Do outro lado, são 140 mil pessoas que hoje não pagam nem 10% de Imposto de Renda, contra uma professora de escola pública que paga 10%”, comparou o ministro.
Crédito consignado para trabalhadores formais
Outro tema abordado foi a nova linha de crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada. Chamado de Crédito do Trabalhador, o programa permite empréstimos com juros reduzidos, utilizando o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia. “O empregado que tem um vínculo formal pode bater na porta de vários bancos para fazer um empréstimo consignado”, explicou Haddad.
Inflação dos alimentos e medidas do governo
Haddad também comentou sobre a inflação dos alimentos. Ele afirmou acreditar que os preços devem cair, mas demonstrou preocupação com produtos como café e ovo. Segundo o ministro, a crescente demanda por café na Ásia pode elevar os preços a longo prazo. Já a alta no preço dos ovos pode estar ligada à concentração de mercado e especulação, o que levou o governo a acionar os Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário para investigar a situação.
Haddad ressaltou que a safra deste mês e a queda do dólar podem ajudar a estabilizar os preços de outros produtos alimentícios.
Governo garante gratuidade do Pix
Durante a entrevista, o ministro garantiu que o governo não pretende taxar o Pix. A polêmica surgiu após a Receita Federal ampliar o monitoramento de transações financeiras, levando à propagação de informações falsas sobre uma suposta tributação do meio de pagamento. Para evitar dúvidas, a medida foi revogada e uma Medida Provisória foi editada para garantir a gratuidade e o sigilo das operações via Pix.
Edição: Jogo do Poder – Imagem: José Cruz/Agência Brasil