
Uma pesquisa realizada pela AtlasIntel, divulgada com exclusividade pelo programa GPS CNN nesta semana, trouxe à tona percepções relevantes sobre o cenário político brasileiro. A sondagem perguntou aos entrevistados quais figuras públicas deveriam liderar a direita e a esquerda nos próximos anos, e os resultados reforçam a predominância de nomes já consolidados nos respectivos campos ideológicos.
Do lado da direita, Jair Bolsonaro (PL) continua sendo o principal nome entre os eleitores, com 47,5% das menções. Em segundo lugar, aparece o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), com 27,7%, sinalizando um reconhecimento crescente entre os simpatizantes do campo conservador. Outros nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Michelle Bolsonaro (PL) aparecem com percentuais mais baixos, indicando uma hierarquia ainda muito centrada no ex-presidente e figuras próximas a ele.
Na esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com folga, sendo apontado por 56,3% dos entrevistados como o nome ideal para continuar à frente das pautas progressistas. Fernando Haddad (9%), Guilherme Boulos (8,7%) e João Campos (6,4%) surgem como alternativas viáveis, mas ainda distantes de ameaçar a hegemonia petista dentro desse espectro político.
Apesar da clara concentração de preferências em lideranças tradicionais, a análise da pesquisa revela um ponto de inflexão: o desejo por renovação. De acordo com Yuri Sanches, diretor da AtlasIntel, há uma contradição latente entre o cansaço com a polarização e a aceitação — mesmo que relutante — das figuras que dominam o debate político há anos. “Embora a ampla maioria dos brasileiros afirme sua crença na viabilidade de uma candidatura alternativa, parece consentir ou, ao menos, se conformar com a atual distribuição de poder”, analisa.
A amostra, que ouviu 1.600 pessoas entre os dias 8 e 10 de abril, com margem de erro de dois pontos percentuais, retrata uma sociedade que, embora deseje mudança, ainda não encontrou nomes suficientemente consolidados fora dos polos já estabelecidos para apostar em novas lideranças.
Esse fenômeno pode refletir tanto uma falta de visibilidade das alternativas quanto uma desconfiança generalizada sobre sua capacidade de articulação nacional. Em ambos os campos, os nomes tradicionais ainda se beneficiam de uma máquina de comunicação robusta, capital político acumulado e reconhecimento junto à base eleitoral.
A pesquisa também acende um alerta sobre o desafio das novas lideranças: romper com a lógica da polarização sem perder relevância diante de um eleitorado cada vez mais exigente, mas ainda fiel às referências do passado recente.
Em suma, os números trazem à tona um Brasil político que caminha entre o desejo de renovação e a repetição de velhos padrões — um reflexo de sua complexidade e das incertezas que moldam os rumos do país.
Edição Damata Lucas – Imagem: IA Chat